Logo O POVO+
Cearense Thiago Monteiro abre o jogo: carreira, Olimpíadas de Paris e legado no tênis
Aguanambi-282

Cearense Thiago Monteiro abre o jogo: carreira, Olimpíadas de Paris e legado no tênis

Fã de Roland Garros e a caminho de Paris, Monteiro sonha que o tênis seja mais difundido no Ceará e crê que a sua presença entre os principais nomes pode contribuir
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Tenista cearense Thiago Monteiro em jogo do Masters 1000 de Roma (Foto: Tiziana FABI / AFP)
Foto: Tiziana FABI / AFP Tenista cearense Thiago Monteiro em jogo do Masters 1000 de Roma

A relação de Thiago Monteiro com o tênis começou desde muito cedo. Nascido em Fortaleza, no dia 31 de maio de 1994, o tenista agora tenta controlar a ansiedade em meio à expectativa de representar o esporte — e o Ceará — nas Olímpiadas de Paris, que começam no próximo dia 26 de julho.

Para chegar até lá, Monteiro precisou passar por inúmeros desafios na vida e na carreira. Logo aos 15 anos, teve que deixar a família na capital cearense e ir para Balneário Camboriú (SC). Coincidentemente ou não, a terra do seu maior ídolo no esporte, Gustavo Kuerten, o Guga.

Segundo melhor brasileiro do ranking da ATP e número 84 do mundo, o cearense visa voos ainda maiores. Fã de Roland Garros, Monteiro sonha que o tênis seja mais difundido no Ceará e crê que a sua presença entre os principais nomes da modalidade pode contribuir com este fator.

Além disso, segue na busca da primeira conquista profissional. O Pan-Americano bateu na trave, e o tenista ficou com a medalha de bronze em Santiago, no Chile. Até por isso, a expectativa para os Jogos Olímpicos cresce a cada momento.

Thiago Monteiro chegará a Paris respaldado pelo bom desempenho na temporada, com campanhas marcantes nos ATP 1000 de Madrid e Roma. Ele também conseguiu "furar" a qualificatória de Roland Garros e chegou à chave principal, sendo eliminado na primeira rodada. Amanhã, o cearense estreia no torneio de Wimbledon, na Inglaterra, disputado na grama, diante do Australiano Alexei Popyrin.

OP - Você teve uma evolução notável no ranking da ATP entre 2023 e 2024, saltando dez posições. Considera um dos melhores momentos da sua carreira?

Thiago Monteiro - Esse retorno ao top-100 era um dos objetivos a estarem sendo concluídos a curto prazo. Não consegui começar o ano onde gostaria, pois tive uma lesão no último torneio da temporada passada. E aí tive algumas semanas a mais de preparação para poder estar retornando aos torneios. Mas foi um momento positivo, também, para trabalhar coisas que, às vezes, não dá tempo na rotina. Eu comecei 120º no ranking e hoje estou em 75º. Ainda há muitos objetivos, mas me sinto num momento bom.

OP - Em 2023, você obteve o que, para muitos, foi a sua maior vitória: triunfo diante do Holger Rune, top-4 do mundo. O que você recorda daquele dia?

Thiago - Jogar contra o Holger, à época, era o 4 do mundo, foi na casa dele, um piso que eles escolheram, então conseguir essa vitória foi algo muito gratificante e ter feito isso pela equipe do Brasil. Eu gosto muito de estar nesse ambiente, geralmente ficamos sozinhos durante o ano. Então essas poucas semanas no ano, que jogamos como equipe, deu para aproveitar o máximo, quando sou convocado. Foi, sem dúvidas, uma das maiores vitórias na minha carreira. Eu lembro da preparação. Nossa equipe foi toda para a Dinamarca, não para fazer um bom confronto, mas sim, conquistar essa vitória.

OP - Na temporada atual, foram alguns momentos importantes, como a ida até as quartas de final do Rio Open e a inédita classificação até o Masters 1000 de Roma. Qual foi mais marcante?

Thiago - Difícil dizer qual viver de novo. O ATP 1000 de Roma foi incrível, passar o quali, três jogos muitos duros. Mas o Rio Open é sempre muito especial, pois estar jogando em casa, o apoio que a torcida transmite é único. Foi inesquecível o Rio Open. Muito feliz de colecionar essas boas sensações e bons resultados.

OP - Você disputou tanto Roland Garros como Wimbledon, os dois principais torneios para o esporte. Se fosse para escolher apenas um, qual seria? E por quê?

Thiago - Nós, como brasileiros, temos a conexão com Roland Garros devido ao Guga, que conquistou o tricampeonato. O publico engajou muito no tênis. Mas eu, particularmente, tenho preferência por Wimbledon, é o mais tradicional. É diferente pisar naquela quadra de grama, é tudo muito impecável, bonito. É um torneio charmoso, sempre sinto algo diferente.

OP - Em julho, o mundo do esporte se voltará a Paris. Como você vem lidando com a expectativa e a ansiedade?

Thiago - As Olimpíadas eram um grande objetivo no ano. É a realização de um sonho. Eu participei em Tóquio, mas foi uma experiência limitada, não tinha público.

OP - No último Pan, você saiu com uma medalha de bronze. Como foi aquela competição?

Thiago - Os Jogos Pan-Americanos de Santiago foram inéditos na minha carreira. Disputei para tentar a medalha de ouro ou prata, para tentar a vaga olímpica. Eu não sabia se só com o ranking iria. Eu esperava ir bem, estava bem preparado, tinha feita boas semanas antes. Eu gosto de jogar em Santiago. Escapou na semifinal a possibilidade de tentar o ouro.

OP - O Ceará não tem muito a cultura do tênis. Ter um cearense entre os 100 melhores do mundo pode contribuir para mudar este quadro?

Thiago - Você ter uma referência no seu Estado, alguém que saiu do Ceará e figurando no top-100 do ranking mundial, sem dúvidas abre portas para crianças que estão começando. Eu tendo trazer representatividade dessa forma. Busco também inspirar e trazer alegrias. Sempre deixo claro que sou cearense, sou de Fortaleza. Tenho uma conexão muito forte com meu Estado, apesar de ter saído muito novo.

OP - Ficou alguma frustração pela queda na primeira rodada de Roland Garros nesta temporada?

Thiago - Eu gostaria de ter avançado mais. O qualificatória foi desgastante. Logo quando passei, não me sentia muito bem, então perdi um pouco de ritmo. Na primeira rodada, peguei um jogo bem duro, meu adversário era top-50. Eu já sabia que era complicado. Tentei dar meu melhor, mas não deu. Porém, no geral, foi uma boa sequência de torneios. Mesmo não saindo com o resultado que gostaria, valeu pelas duas semanas que tive.

OP - Você é o segundo melhor brasileiro do ranking e o primeiro lugar está perto. Acredita que ainda este ano consegue?

Thiago - É possível. Não é nenhum objetivo, não tenho traçado que tenho que ser o melhor do Brasil. O Thiago Wild teve resultados expressivos. Quanto mais jogadores brasileiros estiverem nas melhores colocações do ranking, é muito positivo. Nós dois estamos dando muita motivação para quem estar chegando. Hoje temos o (João) Fonseca no top-200. Mas não é meu objetivo passar quem é o primeiro do Brasil.

OP - Sua carreira está próxima de completar dez anos. O que ainda falta?

Thiago - Tenho alguns sonhos, objetivos. Quero fazer minha estreia no top-50, buscar meu primeiro título de ATP, fazer uma segunda semana de um Grand Slam e, consequentemente, ficar mais consistente a cada ano. Mas realmente é só o dia, a disciplina e o bom trabalho.

O que você achou desse conteúdo?