Fuja dos excessos e aposte na tendência da simplicidade. Quem dá essa dica é a arquiteta Brenda Rolim do escritório Estúdio do Bem, e profissional responsável pelo ambiente “Restaurante Vida&Arte” na Casa Cor Ceará 2017. O espaço tem essa pegada de receber com aconchego e fazer com que as pessoas se sintam em casa.
Na ambientação, vale revisitar as memórias afetivas que, segundo Brenda, trazem a sensação de pertencimento ao lugar. “No restô Vida&Arte utilizamos referências da nossa arquitetura vernacular, no caso do ladrilho hidráulico, e porque não, da nossa natureza no caso do cajueiro”, destaca.
Brenda acredita que o projeto é um estímulo ao consumo consciente e ao poder transformador que a criatividade dá para ressignificar e ver beleza onde ela nem pensava em existir. “Essa filosofia, inclusive, é a maior intenção sustentável do restaurante. Um lugar para alimentar também a alma com Vida&Arte!”, diz.
A profissional ama lidar com pessoas e a arquitetura permite algo muito além disso. Afinal, o arquiteto é o convidado especial de uma casa, que empresta seu talento para dar forma, funcionalidade e beleza ao lugar. “Cada cliente traz uma história, um desafio e muitos sonhos. Essas pessoas aprendem comigo e eu aprendo mais ainda com elas. É uma riqueza ter oportunidade de lidar com várias percepções de mundo. Isso me torna uma pessoa melhor, mais paciente, flexível e menos preconceituosa”, declara apaixonada pelo que faz, que finaliza com o seu pensamento sobre o que acredita: “Luxo é ter uma casa consciente que te faz se sentir feliz de verdade”.
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O piso é um dos pontos altos de décor do projeto. Ele foi produzido de maneira artesanal em uma oficina de ladrilhos local e forma um desenho geométrico em preto e branco. Segundo Brenda, é um produto acessível e com pouco impacto ambiental. Para compor décor, tom de verde nas paredes e peça de madeira que passeia entre os dois ambientes, em um é prateleira e no outro banco.
Toda a arquitetura do espaço foi aproveitada como, por exemplo, a estrutura de pilares e madeiramentos, que foi pintada de preto para ter maior destaque. A coberta e fechamentos foram revestidos com cortiça, insumo que sobra do processo de corte das rolhas. “Tudo foi utilizado de maneira que possa ser reaproveitado quando retirado”, acrescenta Rolim.
Neste ambiente, mesa para treze lugares em vidro preto e pendentes de alturas irregulares com iluminação pontual. Ao fundo, o painel de cortiça faz a vez de parede e recebeu obras com pintura acrílica sobre tela da série “Percursos Urbanos” do artista cearense Zé Tarcísio.
Ao lado da parede de vidro com vista para o jardim ficam posicionadas as mesas com tampos reaproveitadas iluminadas por pendentes de diferentes formas. Na parede de cortiça, quadros com ilustrações de Carlus Campos, do Jornal O POVO, decoram. As obras foram feitas para capas de edições do Caderno Vida&Arte.
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No Restaurante Vida&Arte a maioria das decisões foram tomadas com critérios de desperdício mínimo e menor impacto ambiental. “Começando pelo layout, em que a área climatizada foi diminuída em 50%, ganhando uma área externa com ventilação e sombreamento natural de um cajueiro. Ficou com cara de quintal”, descreve a arquiteta.
Na parede, as luminárias “I Wanna Hold Your Lamp” desenhada por Brenda Rolim. A peça consiste em um simples suporte de chapa de aço dobrada com encaixes para fiação e soquete de lâmpada de bulbo. Segundo Brenda, a ideia é compor o ambiente com um produto simples, acessível e funcional com outros mais sofisticados.
Logo na entrada do restaurante nota-se as vidraças, que garantem um bom aproveitamento da luz natural durante o dia. Isso porque em todo o projeto há uma preocupação com economia, reaproveitamento e funcionalidade.