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Sobrado de três pisos situado no bairro Jacarecanga, vizinho ao Centro de Fortaleza pelo lado oeste, o bangalô Aristides Capibaribe padece. Em estilo neoclássico, o casarão na esquina da avenida Filomeno Gomes com rua São Paulo está com janelas e portas vedadas com alvenaria. Alterações providenciadas sem autorização para o imóvel que está em processo de tombamento municipal.
A razão para o fechamento, segundo vizinhos, é evitar invasões. “Os donos vieram e taparam portas e janelas para evitar a invasão. Eu morava aqui ao lado, onde está construído este prédio. A casa era enorme”, conta a aposentada Zilmarlene Jardins, 75, da porta de casa, bem próximo ao bangalô.
De lá, é possível enxergar os trabalhos de últimos retoques do edifício residencial construído no terreno da antiga casa onde dona Zilmarlene cresceu. A aposentada acredita que a transformação seja sinônimo do progresso. “O que é que a gente pode fazer? Melhor derrubar e construir apartamentos do que ficar servindo de morada para o pessoal (em situação) de rua”. Ao mesmo tempo, confessa ter saudade da antiga casa, ampla e cheia de árvores. “Mas é o progresso”.
O contrário é o que pensa a pensionista Ivone Bezerra. Ela passou 37 dos 79 anos de vida no bairro. Quando chegou, era tudo diferente. “Tinha muita casa bonita, uns casarões antigos, enormes”. Por sua vontade, conheceria o Jacarecanga como ele foi criado: com todos os antigos palacetes e paços. “Um bairro que fosse tudo protegido, tudo preservado. Era a história na nossa frente e seria tão bom, né?”.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) informa que recebeu uma denúncia de obras e atividades irregulares na edificação no dia 23 de abril. Técnicos da Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural (CPHC) compareceram ao local, identificando as irregularidades, que a nota não especifica quais. E, até o presente momento, não foi protocolada na Secultfor nenhuma solicitação de autorização de intervenções no imóvel pelos seus responsáveis.
Em obediência à legislação, a secretaria encaminhou ofício à Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), solicitando o acompanhamento do caso e a adoção das medidas cabíveis. A Agefis já enviou fiscais ao local. O proprietário do imóvel foi identificado. O POVO não conseguiu o contato com a construtora e a Secultfor informou não ter autorização para fornecer o telefone.
FISCAIS
A Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) informa que enviou fiscais ao local, o proprietário do imóvel já foi identificado e serão adotadas as medidas cabíveis para o caso.
JACARECANGA
HISTÓRIA
Segundo Sebastião da Ponte, professor do Departamento de História da UFC, dois movimentos levaram à saída das elites do bairro. O primeiro, nos anos 1930 e 1940, com a valorização da orla, onde hoje é a Praia de Iracema. O segundo, com a instalação de fábricas nas avenidas Sargento Hermínio e Francisco Sá, provocando mudanças para a Aldeota.