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Por falta de recursos, abrigo para pessoas trans é desativado
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Por falta de recursos, abrigo para pessoas trans é desativado

| FORTALEZA | Escassez de verbas para manutenção levou ao fechamento do espaço que acolhia público em situação de vulnerabilidade
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O sonho de criar uma rede de apoio, entre pares, deu início ao Abrigo Thadeu Nascimento, em setembro do ano passado. Após apenas nove meses, o espaço, da Associação Transmasculina do Ceará (Atrans-CE), foi desativado. A escassez de recursos financeiros interrompeu a história que se desenhava à rua Jaime Benévolo, no José Bonifácio.


“Estava numa situação muito complicada”, lamenta Kaio Lemos, presidente da Atrans-CE. Segundo ele, o abrigo funcionava em uma casa alugada e já acumulava débitos de conta de água. Os gastos mensais giravam em torno de R$ 2,5 mil mensais. O suporte vinha de doações que já não ajudavam a fechar as contas.


Quando foi desativado, o Abrigo Thadeu Nascimento resguardava cinco homens trans — que agora vivem em diferentes formas de precariedade de moradia. A casa chegou a abrigar 21 pessoas, entre homens e mulheres trans. Quase um mês após a desativação, Kaio explica que o principal dificuldade era a falta de espaço próprio. “O objetivo hoje seria reativar (o abrigo) em parceria com Governo ou a Prefeitura”.


A Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) informou que possui convênios com instituições para execução de serviços e programas, estabelecidos por Edital de Chamada Pública, que é regido pela lei 13.019 / 2014. Contudo, não existem espaços mantidos ou que recebem apoio financeiro do Município específicos para pessoas trans.


Kaio, contudo, defende que esse público precisa de espaços exclusivos, uma vez que enfrentam vulnerabilidades específicas. “Se você é uma travesti, será que vai poder tomar banho em banheiro de mulher? De que forma vai ser compreendida e respeitada?”, questiona.


A SDHDS informou que, no período da noite, funciona a Pousada Social, que oferece 80 vagas diárias todos os dias da semana, das 22 às 8 horas. Outra possibilidade são as duas unidades de acolhimento localizadas na Jacarecanga, para homens, e no Presidente Kennedy, que recebe mulheres e famílias durante 24 horas ininterruptas. Durante o dia, a Prefeitura conta com o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e o Centro de Convivência para Pessoas em Situação de Rua.


A Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBT (COELGBT), do Governo do Estado, explicou que atuava junto ao abrigo, viabilizando ações como a inserção dos abrigados no projeto Criando Oportunidades.


A COELGBT apontou que o Abrigo Thadeu Nascimento não cumpre requisitos para concorrer a editais do executivo estadual, que exigem que entidades sem fins lucrativos tenham mais de dois anos de existência e experiência comprovada.

 

ABRIGO


Thadeu Nascimento funcionava no bairro José Bonifácio. Casa era mantida pela Associação Transmasculina do Ceará. É possível entrar em contato com a entidade via Facebook:www.facebook.com/


PÚBLICO ESPECÍFICO


Não existe, por parte do poder público, um abrigo voltado para pessoas trans. Kaio Lemos, presidente da Atrans-CE, defende a necessidade de um local exclusivo, devido a vulnerabilidades específicas.

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