O delegado cearense Leonardo Machado, 40, morreu, no fim da tarde último sábado, 11, após passar quase três anos internado em estado vegetativo no Hospital Regional da Unimed, em Fortaleza. O agente estava na unidade hospitalar desde setembro de 2015, para onde foi transferido após ter sofrido dois tiros, um na cabeça e outro nas costas, em junho de 2015, quando saída de um mercadinho na cidade de Uiraúna, no sertão da Paraíba. No dia do crime, a vítima foi levada para o Hospital Regional da cidade de Cajazeiras, também na Paraíba.

"Por mais que a gente soubesse que ele estava sofrendo muito e, conscientemente, achasse que seria melhor que ele partisse, mas o coração, a gente sente", conta, emocionada, a viúva do delegado, a escritora Priscila Dummar. Leonardo Machado era delegado da cidade de Sousa, no Interior da Paraíba, desde 2005.

Na noite do crime, ocorrido no dia 19 de junho de 2015, o delegado, que tinha 37 anos, estava em um mercado na cidade de Uiraúna, sertão paraibano, quando esbarrou no comerciante Ivamar Paiva Barreto. Leonardo era delegado do Grupo Tático Especial da Polícia Civil da Paraíba. Depois, Ivamar esperou Leonardo sair e atirou duas vezes contra ele, pelas costas. Os tiros atingiram a cabeça e o tórax. O agente estava na companhia da mãe e dos dois filhos, hoje com cinco e seis anos.

"No fundo, a gente quer segurar a pessoa para si, egoisticamente. É um sentimento humano, sabe, de querer aquela pessoa ali, sempre", conta a viúva. O comerciante foi condenado há 13 anos de prisão pelo crime de tentativa de homicídio.

Priscila Dummar considera que a sentença foi muito branda. "Porque ele não morreu na hora e, agora, se efetivou o homicídio. Não sei como são os trâmites e eu não sei se temos mais energia para isso. Estamos muito cansados. Foram três longos anos", conta a mulher. Ela disse que os filhos ainda não sabiam, até o fim da tarde de ontem, da morte do pai.

Durante todo o período de coma, apesar do difícil quadro de saúde, a família alimentava a esperança de um milagre acontecer com Leonardo. Tio do delegado, Ronald Machado comenta que "colocava as esperanças em Deus". "Mas quando Deus quer nós temos que acatar a ordem maior", conclui.

A missa de corpo presente ocorrerá na Funerária Ethernus, nesta segunda-feira, 13, às 9 horas. O sepultamento será no cemitério São João Batista, no Centro, às 10h30min.

colaborou Samuel Pimentel

JUSTIÇA

ACUSADO CONDENADO

Condenação

A Justiça condenou, em março de 2017, o comerciante Ivamar Paiva Barreto a 13 anos de prisão por tentar matar o delegado cearense Leonardo Machado.

O acusado enfrentou júri popular no 2º Tribunal do Júri de Campina Grande.

O júri popular considerou o réu culpado por tentativa de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil, mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

O crime ocorreu em junho de 2015 na cidade de Uiraúna (PB), onde a vítima trabalhava. O policial foi baleado na cabeça e no tórax após uma discussão na fila de uma loja de presentes.

Ivamar Paiva Barreto foi preso cerca de um mês após a tentativa de homicídio no litoral do Rio Grande do Norte (RN), na praia de Muriú, a 40 quilômetros de Natal.