Logo O POVO+
Mananciais da Capital não têm projetos de despoluição
CIDADES

Mananciais da Capital não têm projetos de despoluição

Recursos Hídricos | Prefeitura diz que prevê empréstimo de U$S 150 milhões para projetos que incluem despoluição
Edição Impressa
Tipo Notícia
AÇUDE Uirapurú, próximo à avenida Alberto Craveiro, é um dos mananciais existentes na Capital cearense  (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA AÇUDE Uirapurú, próximo à avenida Alberto Craveiro, é um dos mananciais existentes na Capital cearense

Em várias horas do dia é possível ver uma água azul escura saindo de um grande duto em direção à Lagoa da Parangaba. De acordo com moradores, o dejeto provém de uma fábrica localizada próxima ao manancial. A olho nu, de um só ponto da encosta, é possível contar pelo menos mais três grandes dutos que também levam esgoto e lixo para o local. Com projeto de requalificação assinado recentemente, a obra prevê mudanças no entorno, limpeza no espelho d'água, mas não a despoluição.

João Renan Silva, 42, motorista, mora no entorno da lagoa e conta que todos os dias há mau-cheiro forte. Ele lamenta a situação e afirma que existem muitas ligações clandestinas no local. "A população tenta manter o entorno limpo, colocamos esses bancos, mas com os esgotos não adianta. Eu lembro de quando a gente podia era tomar banho aqui", lamenta.

Da ponte da avenida Alberto Craveiro é possível ver a passagem do açude Uirapuru que acumula mais de 600 mil coliformes fecais a cada 100 ml. De acordo com relatório da Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), os altos índices de poluição ocorrem devido, essencialmente, "aos efluentes com substâncias químicas presentes e aos advindos de comunidades que são despejados sem tratamento". Em Fortaleza, conforme dados do Atlas Esgoto, da Agência Nacional das Águas, 56 toneladas de carga remanescentes chegam todos os dias aos corpos hídricos.

A única lagoa balneável em Fortaleza, conforme o boletim da Seuma, de outubro de 2017, é o açude da Viúva, no Conjunto Sumaré. Conforme o documento, é a distância de território urbano que mantém o açude preservado. Apesar de não estar dentro do grau balneabilidade, a Lagoa da Maraponga também se aproxima de ser considerada limpa.

O POVO solicitou entrevista sobre despoluição de lagoas com a Prefeitura que se comunicou por meio de nota. De acordo com a Seuma, para atuar no combate à poluição dos recursos hídricos será implementado o Programa Fortaleza Cidade Sustentável.

A pasta afirma que o programa se dará após empréstimo, que deve ser encaminhado para aprovação do Senado, no valor de US$ 150 milhões junto ao Banco Mundial. O projeto "viabilizará a ligação gratuita à rede pública de abastecimento de água e coleta de esgoto em domicílios de baixa renda".

A Cagece, que também se pronunciou por meio de nota, afirmou que de janeiro a julho deste ano, realizou o serviço educativo de fiscalização na rede coletora de esgoto em cerca de 6.000 imóveis no entorno da lagoa da Parangaba. Destes, 208 estavam interligados indevidamente à rede de drenagem, responsável por manejar água pluviais. "Os clientes foram devidamente sensibilizados e orientados a regularizarem a situação", afirmaram.

Mesmo não prevendo despoluição, a Prefeitura estimou em nota que as obras de requalificação da Lagoa da Parangaba devem melhorar balneabilidade. Sobre a fiscalização dos outros pontos, a Seuma informou que "Agência de Fiscalização de Fortaleza realiza diariamente ações de combate à poluição hídrica.

O que você achou desse conteúdo?