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Apesar de ter tido uma redução significativa na última década no Estado, a hanseníase é uma doença que exige atenção, devido ao risco de propagação.
Em 2008, o número de pessoas diagnosticadas no Ceará chegou a 2.568.
Dados mais recentes, entre janeiro de 2018 e 7 de janeiro de 2019, apontam 1.410 novos doentes registados. Uma redução de 45,09%, que tem relação, entre outras razões, com o acesso ao atendimento descentralizado em todos os postos de saúde, segundo Gerlânia Martins.
"Encaramos a redução como dentro de um padrão esperado. Viemos trabalhando a descentralização do atendimento e a capacitação dos profissionais", afirma a enfermeira, que é também articuladora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
A incidência da doença em crianças e adolescentes até 15 anos ainda é um desafio. Em 2018, foram registrados 55 novos casos neste público. "A regressão no número de pessoas com a doença nos deixa mais esperançosos na eficiência do trabalho. A preocupação com a população abaixo dos 15 anos é pelo período de incubação", afirma. O período entre o contato com alguém infectado pela bactéria e a manifestação no corpo do novo hospedeiro é de 5 a 7 anos.
Municípios com casos em pessoas muito jovens têm, de acordo com a enfermeira, a endemia oculta. Ou seja, gente que possui a doença da forma transmissível mais ativa e que está "jogando" o bacilo na comunidade. "Elas podem não ter se identificado com a doença e, portanto, não terem iniciado o tratamento".
Vindo de Aurora (a 464,1 km de Fortaleza), o aposentado de 70 anos (que pede para não ser identificado) conta que os primeiros sintomas foram irritações na orelha, que ficou vermelha e coçando. "Tem que fazer o tratamento todo e seguir tudo que o médico diz. Quando começa a diminuir os sintomas, muita gente para de tomar o remédio. Desse jeito não dá. A doença volta ainda mais forte", ensina. Ele trata a hanseníase há 15 anos.
Médico do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona Libânia, Heitor Gonçalves ressalta o diagnóstico precoce como fundamental para evitar a incapacidade física provocada por lesão de nervo. "Ela (hanseníase) gera perda de sensibilidade principalmente nas extremidades, que vai levar a ferimentos e a infecções seguidas de osteomielite. Leva a perda óssea".
Um mês após o início do tratamento, a doença passa a já não ser mais transmissível.
O segundo modo de prevenção, ainda de acordo com o médico, é a vacina BCG, que é dada em crianças recém-nascidas. Ela pode ser aplicada em doses extras em quem teve contato com a infecção.
A hanseníase é transmitida de uma pessoa infectada que não esteja em tratamento para uma pessoa saudável suscetível. É importante convencer pessoas próximas ao doente a procurarem uma unidade básica de saúde para avaliação. Dessa forma, é possível evitar a propagação da doença.
O tratamento para hanseníase é gratuito e oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No Ceará, o Dona Libânia é uma das principais referências de atendimentos às pessoas com a doença.
Serviço
Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona Libânia,
Onde: na avenida Pedro I, 1033 - Centro
Atendimento: segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas. A primeira consulta é por meio da Central de Regulação, quando o paciente é encaminhado de um posto de saúde. Para pacientes com hanseníase, a primeira consulta não precisa de encaminhamento.
Capital
Em Fortaleza, foram registrados 900 casos da doença em 2008. De lá para cá, os números vêm caindo progressivamente.