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Os filhos da violência
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Os filhos da violência

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Os dramas do contexto de violência familiar atravessam gerações. Em muitos casos, os filhos reproduzem os padrões tanto de vítima como de agressor. Pesquisa do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública do Ceará indica que pelo menos 43% dos agressores vivenciaram situações de violência na casa dos pais. A pesquisa foi feita por amostragem entre janeiro e outubro de 2018. Dos 569 casos, 274 agressores vivenciaram a situação, outros 170 não e 152 não informaram.

"É grande percentual dos agressores que já conviveram com a violência doméstica. A criança entende que o amor é violência, domínio. Quando ele cresce, reproduz o que viveu na célula familiar inicial. Os filhos da violência crescem vendo o poder e dominação do pai sobre a mãe. De que é normal na relação permitir essa invasão", explica Úrsula Malveira Góes, psicóloga do Nudem.

Conforme a pesquisa, a partir dos dados das mulheres vítimas de violência atendidas pelo Nudem, 25% (144) presenciaram a situação em casa, 67% (383) não e 7% (41) não informaram. Dentre os casos, os filhos de 465 (81,59%) dos envolvidos presenciam os momentos de violência entre pai e mãe. "A gente vê muitas crianças com problemas de aprendizagem, transtorno de ansiedade, distúrbio de sono, alimentar", alerta a psicóloga.

O levantamento indica que a maioria das vítimas (53,5%) aponta o medo como vetor para se manter em silêncio. Seguido além da dependência emocional (50,2%). As violências geralmente ocorrem nos espaços públicos e domésticos (55,02%) e são potencializadas pelo uso de álcool (46,65%).

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