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Dessalinização da água é mais barata que transposição, diz professor
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Dessalinização da água é mais barata que transposição, diz professor

| QUESTÃO HÍDRICA | O espanhol Leandro Del Moral, da Universidade de Sevilha, participa da I Jornada Injustiça Hídrica e Territórios de Resistência que segue até sábado, 11
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Professor de Geografia Humana da Universidade de Sevilha, na Espanha, Leandro Del Moral é um dos convidados do evento (Foto: Deisa Garcêz)
Foto: Deisa Garcêz Professor de Geografia Humana da Universidade de Sevilha, na Espanha, Leandro Del Moral é um dos convidados do evento

Com custos altos, entre US$ 0,50 e US$ 1,50 por litro, a dessalinização da água do mar está longe de ser a estratégia ideal para se ter acesso ao recurso natural. Ainda assim, a separação do líquido dos sais é, para uma grande indústria, mais vantajosa que transposições de rios ou lagos de longas distâncias. Os custos reduzem com a quantidade de água purificada do mar e, de acordo com o professor espanhol Leandro Del Moral, a dessalinização é uma fábrica de água. "Tem muitas contra-indicações, mas não podemos demonizar", diz.

Professor de Geografia Humana da Universidade de Sevilha, na Espanha, Leandro Del Moral é um dos convidados da I Jornada Internacional Injustiça Hídrica e Territórios de Resistência, que reúne, até o próximo dia 11, todas as universidades públicas do Ceará, o Instituto Federal do Ceará (IFCE), a universidade espanhola, a Universidade de Brasília (UNB), o Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7), a Fiocruz -

Ceará, entre outras instituições de pesquisa e ensino. A programação da jornada acontece em vários pontos de Fortaleza, para discutir o consumo e a preservação da água.

 A desigualdade na distribuição é apontada pelo professor como um dos problemas mais graves do acesso à água. "Creio que se poderia dizer que falta de igualdade, de equilíbrio social da distribuição. Com um crescente problema de injustiça ambiental, por concentração, acumulação, monopólio do recurso hídrico por parte dos grandes usuários industriais e mineiros", afirma. A dessalinização é, segundo ele, "uma fábrica de água". Mesmo com as muitas contra-indicações pelo alto consumo de energias não renováveis.

A principal desvantagem da dessalinização, ainda segundo o professor, é custo elevado. Atualmente, o valor representa cinco vezes mais que o tratamento da água para reuso. Outra questão são os impactos ambientais gerados tanto pelos sistemas de aquecimento, que podem ser poluentes, quanto pela má destinação do material que é produzido a partir de sua remoção da água salgada. Apesar disso, a tendência é haver um incremento da técnica em todo o mundo, principalmente em razão do fato de o consumo de água vir aumentando em níveis muito maiores do que o crescimento populacional.

Os custos devem ser arcados, para Del Moral, pelos principais beneficiários: grandes redes de hotéis, indústrias, agronegócio. "O que acontece é que normalmente a transposição quem paga é o governo. Os custos ambientais e sociais efetuados não são pagos. Porém, dessalinizar a água do mar é mais barato que a transposição", informa, acrescentando que os valores devem ser arcados pela iniciativa privada.

Palestra

O professor Leandro Del Moral fala na próxima quinta-feira, dia 9, sobre Direito à Água a partir da Nova Cultura da Água, na Faculdade de Direito da UFC (rua Meton de Alencar, s/n - Centro)

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