Milhares de fiéis caminharam, ontem, em Fortaleza, na tradicional procissão de Nossa Senhora de Fátima. O cortejo saiu da Igreja do Carmo, no Centro, e percorreu ruas e avenidas da Capital até chegar ao santuário da Santa, localizado na avenida 13 de Maio. De acordo com o padre Francisco Ivan de Souza, pároco do santuário, a procissão reuniu cerca de 150 mil pessoas.
Conforme a tradição, ao longo da rua Barão de Aratanha, os moradores montaram altares em homenagem à Santa. Dos mais simples, aos mais elaborados, cada cenário foi erguido com um sentido próprio e, sobretudo, com gratidão.
"A minha filha, já esse ano, se operou. Estava com suspeita de câncer e, realmente, confirmou. O médico tirou o que necessitava e ela ficou curada. Não precisou nem fazer quimioterapia. Nossa senhora curou", conta Iolanda Simões, sobre o sofrimento vivido pela filha, que teve câncer no intestino.
Há 60 anos no mesmo endereço, a aposentada explica que a tradição de montar o altar vem da mãe, já falecida, à quem ela faz questão de homenagear com um retrato, posto ao lado da imagem da santa, na entrada da casa. "É muito prazeroso pedir a graça e alcançar. É um momento muito feliz, de muita graça, fé e oração", diz.
Pelas ruas, o público percorreu o trajeto de quase três quilômetros, vestindo branco e carregando velas acesas, enquanto rezavam e cantavam.
Espaço para todos os santos
Sempre que pode, dona Rachel Barrocas, 90 anos, vai à missa na Ireja Coração de Jesus. Sua fé, ela conta, é em "todos os santos". Há cerca de 20 anos, monta seu altar na área de casa, de onde acompanha o cortejo. Na decoração do altar, as flores colhidas no próprio quintal. "Vou acompanhar daqui, porque é muita gente, não dá pra mim mais não", admite.
Um altar colorido para Fátima
Maria Auxiliadora do Nascimento, 60 anos, acredita que o ano só está "realizado" quando prepara o altar para a Nossa Senhora de Fátima na calçada de casa. Com suas duas irmãs Nelma e Regina, ela celebra a fé que vem de família. "Essa tradição é da minha tia, da minha avó", revela.
Cenário diferente todos os anos
Morar na rua Barão de Aratanha é uma graça, acredita Flávio Neri, 56 anos. Há dez anos morando nessa rua, ele mantém a tradição de celebrar a santa, como já fazia em Pacajus, onde vivia. Com o avançar da idade da mãe, dona Ester, 76 anos, é ele quem se encarrega de seguir a caminhada. "Como ela já estava cansada, então eu vou no seu lugar", explica o cabeleireiro.
Gerações se juntam pela fé
"Realizada", assim se diz Zilda Magalhães, 84 anos, ao ver diferentes gerações de sua família reunidas para acompanhar o cortejo da varanda de casa. "Já nasci devota, e ela me trouxe aqui pra essa casa", crê. Além do altar montado, a família mantém a tradição de jogar flores sobre os fiéis que caminham.
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