O sofá virou lua e dois astronautas abraçados experimentam a gravidade zero. Mas se no espaço sideral o som não se propaga de onde viria esse grito?! A expedição fracassou. Queda. A estatística bem que alertou. Há um menino no chão da sala, um braço segura o outro. Uma fissura no cotovelo. Duas semanas de gesso. Um vai e vem em emergências e consultórios. Nada de praia.
Férias é isso também. Mas o preço da segurança, penso, deve ser a precaução, não o marasmo. Ainda que não desconsidere a dificuldade de conciliar boletos, trabalho e outros compromissos que não dão folga no mês de recesso da escola. Há de se desafiar o tempo e o cansaço.
Dito isso, segue receita escrita ao longo de 15 anos e três filhos:
- mantenha um adulto sempre por perto, desconfiado de longos silêncios;
quando a vigilância e as recomendações não parecerem suficientes para afastar o perigo, tenha um adulto disposto a acompanhar, embarcar na aventura de viver a infância e seus riscos;
- cada fase tem sua contraindicação, mas de uma forma geral tire do alcance das crianças objetos pequenos, pontiagudos e substâncias tóxicas;
- tenha sempre água e antialérgico por perto;
- cuidado com altura. Se for necessário deixar a criança na casa de um amigo ou parente, se certifique que há rede de proteção nas varandas e janelas;
- para qualquer lugar pra vá, tenha sempre um plano de emergência. Previamente, veja onde fica o hospital mais próximo, confira horários de atendimento. A gente nunca sabe quando vai precisar.
Viver é arriscado. Por isso mesmo, tem que valer a pena.