O aumento do número de novos casos de hepatite B no Ceará atingiu 59%. De 2016 para 2017, 128 pessoas foram diagnosticadas com a doença, passando de 2.511 para 2.639 infectados. Entre 2017 e 2018, o registro foi de 204 novos casos, passando para 2.843. Os números foram divulgados pelo Ministério da Saúde e fazem um alerta para a prevenção da doença, em um momento em que diminui a preocupação dos jovens em relação a contaminação pelas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Julho é o mês dedicado ao combate às hepatites virais.
"A maioria dos pacientes que estão doentes hoje não viveram o surto de aids e outras ISTs. Por isso, é tão importante se lembrar que a prevenção é a melhor forma de se afastar dessa patologia", explica Elodie Hyppolito, hepatologista do Serviço de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).
Ela alerta que boa parte das hepatites não apresentam sintomas e, antes da década de 1980, boa parte dos pacientes pode ter sido infectado. "Hoje, sabemos que 1% da população tem hepatite C e outro 1%, a B", informa. Segundo a médica, menos de 20% dos casos têm diagnósticos e, desse universo, 20% terão cirrose hepática e câncer no fígado.
Infectologista do hospital Prontocárdio, Carlos Jaime de Araújo afirma que houve um aumento da detecção de casos de hepatites durante os primeiros anos dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) por conta, segundo ele, do aumento da renda média. Com o início da crise econômica no segundo governo Dilma Rousseff, foi registrado uma queda da quantidade de casos identificados dos tipos da doença.
Existe uma vacina para o tipo B da doença, gratuita e disponível hoje para todas as crianças ao nascer. Mas ele estima que 40% da população adulta não se vacinou contra a doença. A imunização tem efeito em qualquer idade e está disponível, gratuitamente, nos postos do Sistema Único de Saúde. "As hepatites matam mais que a Aids. A população com mais de 40 anos precisa fazer o teste para detectar se tem a doença", enfatiza Carlos Jaime.
Wilter Ibiapina, 68, empresário e presidente da Associação Cearense dos Pacientes Hepáticos e Transplantado (ACEPHET), descobriu ter o tipo C da doença ao realizar um check up, em 2003. Ele foi doador de sangue em 1968, antes do uso de materiais descartáveis. Passou sete meses e sete dias no que classifica como "fila da agonia" até conseguir o transplante de fígado. "Observo como a família é o único responsável pela doação de órgãos e peço que elas tenham consciência de que a doação é urgente e fundamental para ter a cura", conta. Cerca de 40 mil pessoas estão na fila por doação de órgãos no Brasil, segundo dados Ministério da Saúde.
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