Logo O POVO+
15 vítimas já prestaram depoimento em delegacias contra médico
CIDADES

15 vítimas já prestaram depoimento em delegacias contra médico

Delegacia de Cruz concluiu inquérito. Hilson de Paiva, médico e prefeito afastado de Uruburetama, foi indiciado por dois casos de estupro de vulnerável
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
JOSÉ Hilson Paiva estava afastado do cargo desde julho, quando as denúncias de abuso ganharam repercussão nacional (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA JOSÉ Hilson Paiva estava afastado do cargo desde julho, quando as denúncias de abuso ganharam repercussão nacional

A Delegacia Municipal de Cruz concluiu sexta-feira, 26, inquérito policial que investigava naquele município abusos sexuais cometidos por Hilson de Paiva, médico e prefeito afastado de Uruburetama. Ele foi indiciado por dois casos de estupro de vulnerável. Ao todo, constam no inquérito oito depoimentos de vítimas de abusos do médico, informa a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Esses depoimentos servirão como testemunhos da conduta criminosa reiterada de Hilson, diz a titular da delegacia de Cruz, Joseanna Oliveira, em entrevista à rádio O POVO CBN. Até a tarde de sexta-feira, 26, conforme a SSPDS, 15 vítimas prestaram depoimento em delegacias, sendo oito em Cruz e sete em Uruburetama. São dois casos a mais que o anunciado na quinta-feira, 25. 

Ela conta que os casos de estupro ocorreram em 2012. Uma das das vítimas narrou que o médico fez uso de anestésico para cometer o abuso. Conforme Joseanna, tendo o médico sido acusado de estupro de vulnerável, "cai por terra" a tese da defesa de que as vítimas perderam o direito de reivindicar o crime, através do instituto da decadência. Diferente de violação sexual mediante fraude, o crime de estupro de vulnerável já era considerado de ação penal pública incondicionada mesmo antes de mudança no Código Penal em 2018. Naquele ano, todos os crimes sexuais passaram a prescindir de interesse da vítima para terem ação judicial iniciada. Até então, elas tinham que representar criminalmente em até seis meses.

Os crimes também não prescreveram, diz a delegada. Estupro de vulnerável tem um prazo de 20 anos para ser considerado prescrito, destaca. Mesmo com o benefício dado ao médico de redução pela metade do prazo de prescrição, já que ele tem mais de 70 anos, os casos seguem podendo ser levados à esfera criminal.

A partir de segunda-feira, 29, começa uma "nova etapa" da investigação, afirma Joseanna. Mais vítimas devem ser ouvidas. "Acredito que, com a denúncia do médico ao Poder Judiciário, outras vítimas irão aparecer e noticiar fatos novos. E assim se dará fundamentos a novos procedimentos. O objetivo é apurar tudo que aconteceu e tentar diminuir o sentimento de impunidade todos esses anos", afirma Joseanna. Em Uruburetama, o inquérito policial está "em fase de conclusão", devendo ser remetido à Justiça na próxima semana, informa a SSPDS.

A defesa de Hilson de Paiva critica o fato do indiciamento ter ocorrido sem ele ter sido ouvido em depoimento. Segundo o advogado Leandro Vasques, como a maioria das vítimas perdeu o direito de denunciar, a Polícia está "garimpando" acusações que possam ser usadas. O advogado conjectura que, para além de vítimas reais, vítimas falsas podem estar sendo "fabricadas" por adversários políticos. Ele diz ver com "desconfiança" a acusação de estupro após uso de anestésico, já que nenhuma vítima havia relatado isso e o médico não usava esse tipo de medicamento.

Este conteúdo exclusivo para assinantes está temporariamente disponível a todos os leitores como cortesia

O que você achou desse conteúdo?