Quando o José Otávio nasceu, faltavam 15 minutos para o 27 de novembro, dia de Nossa Senhora das Graças, em 2012. "Deus quis me dar esse presente", conta a mãe, Rejane Campos, 47. O quartinho ainda nem estava montado. Antes, com a criança com pressa em vir à luz, a então gerente de loja precisou realizar um procedimento de cerclagem do útero - para manter o colo uterino fechado até o fim da gravidez e ficou 25 dias deitada. Com 28 semanas de gestação - entrando no 6º mês, o menino veio ao mundo. E, aos três meses de vida, foi diagnosticado com paralisia cerebral.
"Parecia um bebê Johnson, de tão lindo", lembra a mãe, se referindo às crianças dos comerciais da marca de produtos infantis. Hoje, aos seis, o menino sonha, sentado sobre a cadeirinha feita de canos de PVC, em se levantar e poder jogar bola. Quer também dedilhar a sanfona, tal Luiz Gonzaga e Waldonys, seus exemplos. "Eu acho muito bonito o jeito que o Waldonys toca. Queria ser igual a ele", diz.
Até os três meses, o desenvolvimento da criança seguia dentro da normalidade, até que uma terapeuta ocupacional e uma enfermeira identificaram sintomas de paralisia cerebral. Hoje, a recomendação médica para que o menino se desenvolva é um andador pacer. Personalizado, esse tipo de equipamento custa R$ 16 mil. A mãe criou uma vaquinha virtual, Caminhando com José Otávio, para tentar arrecadar o dinheiro. Até às 14 horas desta segunda, 29, a família tinha arrecadado R$ 1.395, menos de 9% do valor que necessita para o andador.
"Foi um choque, a gente é humana". Rejane era gerente e precisou se aposentar para cuidar do menino. Hoje, o salário não dá conta das urgências do pequeno. Mantém o plano de saúde e recorre a tudo que é terapia gratuita, oferecida em universidades, pela Polícia Militar, no Hospital Sarah Kubitschek, para que o filho tenha o melhor acompanhamento. O andador deve propiciar movimento adequado para que a criança consiga o máximo de desenvolvimento.
Recorrer à solidariedade é muitas vezes a única forma de garantir o tratamento de saúde adequado. A Defensoria afirma que ajuizou, no primeiro semestre de 2019, 115 pedidos de cadeiras de roda e 1 pedido de andador para que o município de Fortaleza fornecesse este material (seja de forma temporária ou definitiva), atendendo a necessidade de cada caso e respeitando a orientação do laudo médico. Todos estes pedidos foram informados de forma administrativa para a Secretaria Municipal de Saúde, dentro da ação Defensoria Por Mais Saúde que busca, por meio do diálogo, o atendimento administrativo das demandas de saúde.
A pasta informou não ser possível atender, pois havia fila de espera para recebimento dos referidos aparelhos. Diante da negativa, a Defensoria judicializou as demandas destes pacientes.
Campanha
Caminhando com José Otávio
Para contribuir com o andador José Otávio, o link da https://bit.ly/2yiLDhY
Bastidores
No meio da entrevista, a equipe do O POVO fez uma surpresa. Telefonou para o cantor e sanfoneiro Waldonys, de quem José Otávio é fã. O músico tocou Asa Branca, fazendo o menino sorrir, enquanto a mãe e a equipe iam às lágrimas.