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Mais de 200 mil ligações ociosas em Fortaleza
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Mais de 200 mil ligações ociosas em Fortaleza

Número de imóveis que não se conectam à rede de abastecimento só cresce. Cagece não sabe apontar o motivo
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COBRANÇA PELO USO da rede de esgoto depende da ligação à rede de água (Foto: Júlio Caesar)
Foto: Júlio Caesar COBRANÇA PELO USO da rede de esgoto depende da ligação à rede de água

A cada ano, menos imóveis de Fortaleza são contabilizados como ativos na rede de abastecimento e coleta de esgoto da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Até junho deste ano, a Companhia registrou 212 mil ligações ociosas de água e 74 mil de esgoto. Isso quer dizer que mesmo com a rede de cobertura passando na porta, imóveis não se interligam. Fontes alternativas? Efeitos da crise econômica? Fraudes? Imóveis fechados? Perguntas que nem mesmo a Cagece consegue responder.

Conforme O POVO publicou no dia 24 de julho, com base em dados do Instituto Trata Brasil, em quatro anos (2013-2017), a redução no atendimento de água da Cagece foi de 9,58%. No anos seguintes, a tendência continuou. Números disponibilizados pela Companhia mostram que em 2017 haviam 177 mil ligações ociosas, em 2018, esse número já era de 199 mil. O mesmo acontece em relação à rede de esgoto.

"Dentro do setor existem diversas variáveis que interferem. A própria crise econômica do País. Fizemos essa constatação em alguns imóveis de locação que estavam desocupados. Tivemos também uma crise hídrica, muita gente procurou fontes alternativas", avalia o presidente da Cagece, Neuri Freitas. Ele pondera ainda que as fraudes também podem justificar as estatísticas.

Com a crise hídrica, lembra Neuri, a Cagece precisou aplicar uma tarifa de contingência para quem usasse água acima da média estabelecida, o que fez com que aumentasse os cortes por falta de pagamento, principalmente em 2017. "As pessoas resolveram, por não conseguirem se adaptar, buscar fontes alternativas. Não consigo dizer o percentual de cada situação, mas nós identificamos isso tudo nos últimos anos", analisa. De 2014 até hoje, calcula Neuri, o consumo de água, em geral, caiu 20% na Capital e Região Metropolitana.

Sem conseguir apontar uma única causa, Neuri pondera que os últimos anos foram dedicados à superação da crise hídrica. Mas reconhece os efeitos negativos que a redução no atendimento pode trazer para o setor. "Ponto bem prejudicial à sociedade é que o dinheiro público é investido numa rede, tem um serviço público mas as pessoas não usam. E pode se deixar de ter sustentabilidade naquele serviço. Se implanta a rede, gasta o dinheiro, não tem ligação, não tem retorno, não tem como manter e evoluir", considera o presidente da Cagece.

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