A produção excedente de trabalhadores do campo era levada para locais de comércio popular, onde podiam trocar os itens por outros que lhes faltassem. O primordial modo de comércio já acontecia antes mesmo de existir dinheiro no mundo. E foi no entorno desses lugares, inclusive, que as primeiras cidades começaram a se formatar. O hábito de comercializar em feiras livres é antigo na história da humanidade. Antes mesmo das operadoras de cartões de crédito, antes mesmo na iluminação em vias públicas, antes mesmo dos teoremas matemáticos, antes mesmo da invenção do próprio capitalismo. Sempre fomos afeitos a feiras.
"O espaço das feiras é mais de cultura e criatividade que de comercialização em si. É o momento de criações diversas e troca de saberes entre expositores. Muitas ideias surgem nesses espaços e projetos novos nascem a partir dos encontros que esses espaços promovem. É um momento importantíssimo na cidade - tanto para os expositores que estão pensando em coisas novas quanto para quem vai conhecer", explica Fernanda Beviláqua, que é produtora dos eventos Feira La Grue e Feirinha Suspensa. Feiras criativas têm se estabelecido no calendário de Fortaleza. Acontecendo em praças e espaços particulares, elas atraem público diverso que se encanta pelos itens de moda, de gastronomia, de artesanato e de tantas outras artes.
"Essa forma de comprar direto do produtor, pensar local e entender a cidade como espaço de produção, é um ponto de partida para que a gente reveja a ordem das coisas. E questione o consumo em série e sem muita história", acredita Mariana Marques, que é curadora da Auê Feira, evento que reúne mais de 120 expositores a cada mês. Quem está nos espaços de feiras criativas, explica Mariana, em geral, são pessoas que produzem os próprios itens e querem manter contato direto com o comprador, sem atravessadores. E conhecer a origem do produto que se compra tem se tornado um fator indispensável nas novas economias.
Para além dos produtos que são vendidos, as diversas feiras de Fortaleza têm oficinas, debates, contações de histórias, música, espetáculos teatrais e outras atividades que lhes conferem o caráter cultural.
Elizângela Souza, 43 anos, criadora da Delícias Lili, pontua que as feiras livres são, mais do que tudo, vitrines onde é possível ser visto por um público que aprecia os pequenos produtores. Assim - além de comercializar os brigadeiros, brownies e cupcakes - ela utiliza as feiras como plataformas para conversar com clientes em potencial e distribuir cartões. "Encontramos o público que realmente gosta desse produto".
Os saberes encontrados a cada estande são diferentes. Bethânia Maranhão, 51 anos, por exemplo, leva o bordado aprendido na adolescência para as diversas feiras de Fortaleza. Formada em Belas Artes e em Comunicação Social, ela ficou fora do mercado formal de trabalho e investiu no artesanato. Encontrou, entre os outros expositores, um mundo de possibilidades. A arte se transformou em negócio e em dinheiro - que agora compartilha com a filha Jade Maranhão.
"O envolvimento do público na feira é a coisa mais importante. Essa é a forma mais antiga de vender. Desde a transição do feudalismo para o capitalismo. Era uma maneira de escoar o excedente. E as cidades foram formadas baseada nessa forma de venda e troca. É um modelo consagrado por séculos e séculos. E o importante é a troca do consumidor com o expositor. As pessoas se sentem donas da feira", diz Mariana.
SERViÇO
O Fuxico
Onde: em frente ao Cinema do Dragão (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
Quando: aos domingos, 16h às 20h
Como expor: enviar e-mail para fuxico@dragaodomar.org.br apresentando a marca, com fotos dos produtos e os preços das mercadorias.
Auê Feira
Quando: no segundo final de semana de todo mês. Próxima edição será nos dias 7 e 8 de setembro
Onde: Praça das Flores (av. Desembargador Moreira, s/n)
Como expor: realizando a pré-inscrição no link forms.gle/QBCxNCXb37VGy2Hq8 ou no Instagram @auefeira
La Grue
Onde: Órbita Bar (rua Dragão do Mar, 207)
Quando: bimensal. Próxima edição será em 15 de setembro, 11h às 18h
Como expor: entrar em contato por meio do Instagram @la.grue
Feirinha Suspensa
Onde: Meraki (rua Pereira Filgueiras, 1931)
Quando: mensal. Próxima edição será em 7 de setembro
Como expor: entrar em contato por meio do Instagram @feirinhasuspensa
Feira Cultural da Reforma Agrária
Quando: no segundo sábado do mês. Próxima edição no dia 14 de setembro
Onde: Centro Frei Humberto (rua Paulo Firmeza, 445 - Tauape)
Férias nos terminais e Beira-mar
Terminal do Siqueira
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: av. General Osório de Paiva, 2955 - Vila Peri
Terminal do Papicu
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: rua Pereira de Miranda, 187 - Papicu
Terminal do Conjunto Ceará
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: rua 113, S/N - Conjunto Ceará
Terminal do Lagoa
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: av. Gomes Brasil, 555 - Parangaba
Terminal de Messejana
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: av. Jornalista Tomaz Coelho, 245 - Messejana
Terminal do Antônio Bezerra
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: av. Coronel Carvalho, 3780 - Antônio Bezerra
Terminal da Parangaba
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: av. Pedro Ramalho, 130 - Parangaba
Vapt Vupt Messejana
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: av. Jornalista Thomaz Coelho, 602 - Messejana
Vapt Vupt Antônio Bezerra
Quando: hoje, 17, 8h às 18h
Onde: rua Demétrio Menezes, 3750 - Antônio Bezerra
Barracão da Inclusão
Quando: todos os dias, 18h às 22h
Onde: av. Beira Mar, S/N
Feira do Aterrinho da Praia de Iracema
Quando: quinta a domingo, 17h às 22h
Onde: av. Beira Mar, S/N - Praia de Iracema
Quiosque Terminal do Siqueira
Quando: segunda a sábado, 8h às 18h
Onde: av. General Osório de Paiva, 2955 - Vila Peri
Espaço do Artesanato de Fortaleza
Quando: segunda a sexta-feira, 8h às 17h
Onde: av. Santos Dumont, 2500, loja 17 - Aldeota
Como expor nestes locais: os interessados devem dirigir-se à sede da SDE Fortaleza, Vapt Vupt Messejana, Vapt Vupt Antônio Bezerra, em uma das Salas do Empreendedor nas Secretarias Regionais ou no Espaço do Artesanato da SDE. Para o cadastro, é necessário apresentar RG, CPF, comprovante de endereço e uma amostra do produto artesanal