A transferência de cargo de reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC) foi realizada na tarde desta sexta-feira, 23. O médico Henry Campos passou o posto para o advogado Cândido Albuquerque em solenidade na Faculdade de Direito. Não houve protesto no local.
Como primeiro ato na condição de reitor, Cândido Albuquerque nomeou seu vice, José Glauco Lobo Filho, professor da Faculdade de Medicina.
Em uma cerimônia breve, o novo reitor prometeu que fará "um trabalho de extrema qualidade" à frente da Instituição. "Agora, nós temos um único objetivo: engrandecer o nome da nossa UFC. Torná-lo cada vez maior, uma universidade que é uma referência no Brasil", defendeu.
Atos de repúdio aconteceram no início da manhã na reitoria e no Restaurante Universitário durante o almoço. Estudantes, professores e servidores se manifestam contra a escolha do presidente Jair Bolsonaro. O ex-diretor da Faculdade de Direito foi o menos votado na consulta pública na universidade. Na disputa, Custódio Almeida, então vice-reitor, recebeu 7.772 votos, ficando na primeira colocação. Albuquerque recebeu 610. Na lista tríplice formulada pelo Conselho Universitário (Consuni), Albuquerque foi o segundo colocado, com 9 votos. Almeida foi novamente primeiro, com 25 votos.
A lei permite que o presidente escolha qualquer um dos nomes da lista tríplice. Desde o governo Lula, no entanto, a tradição era a escolha do primeiro nome.
Por volta das 7 horas, os manifestantes usaram correntes e cadeados para trancar portões de acesso à Reitoria. Mais tarde, o grupo levou cadeiras para a avenida da Universidade, bloqueando o trânsito entre as 10 e as 11 horas. Todo o fluxo de veículos precisou ser desviado para a avenida 13 de Maio.
Para Jéssica Rebouças, estudante de Geografia da UFC e diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), o novo gestor da UFC, que terá um mandato de quatro anos, foi escolhido pelo presidente para atender a uma política de "higienização das universidades". "Tomamos a decisão de fazer (o ato) porque achamos que o Cândido não foi eleito pelo conjunto da comunidade acadêmica para ser nosso reitor. Achamos que é importante a consulta ser respeitada e acreditamos que ele foi indicado por Bolsonaro para aplicar a agenda de educação do Governo, que é uma agenda que privatiza as universidade publicas, que quer que a universidade volte a ser o reduto da elite intelectual", criticou.