A falta de estrutura e de serviços públicos na comunidade da Abreulândia, na Sabiaguaba, faz os moradores da região se mostrarem simpáticos à ideia de cessão da localidade, que hoje pertence a Fortaleza, para o município de Eusébio. Como o colunista de O POVO Jocélio Leal adiantou em 9 de agosto último, o prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves (PL), manifestou interesse em englobar 1,93 Km² das praias da Abreulândia e Cofeco, local onde moram 1.079 pessoas.
Para a presidente da Associação de Moradores da Abreulândia, Maria do Carmo, a mudança seria positiva dependendo das ações que a Prefeitura de Eusébio pretenda executar. Ela destaca que, entre as principais necessidades da comunidade, estão uma escola e um posto de saúde.
A líder comunitária explica que muitas crianças da comunidade, inclusive, já frequentam escola em Eusébio, mas não têm direito ao ônibus escolar. Ela também espera que uma mudança para Eusébio proporcione maior policiamento, sobretudo, na faixa de praia, nos fins de semana. A Prefeitura de Eusébio, no entanto, ainda teria criado canais de conversa com a comunidade.
Entre as outras necessidades da localidade, conforme moradores disseram a O POVO, estão pavimentação e coleta de lixo. As constantes enchentes são uma das principais preocupações. "Quando chove, a água chega a bater no joelho", diz o eletricista Francisco dos Santos Nunes, 56, para quem a troca pode ser positiva. "Ninguém está olhando para esse bairro", lamenta.
O comerciante Francisco Bento diz faltar "tudo" no bairro, o que demanda deslocamentos a bairros vizinhos. Ele diz, porém, existir a preocupação de que a mudança acarrete o fim da circulação dos ônibus de Fortaleza. Já Eugildo Santiago, 54, dono de uma barraca na praia da Abreulândia, reclama da "feiúra" da região e cobra implantação de equipamentos públicos, como praças. Ele diz que a praia ficou "queimada" e que ganhou o estereótipo de "só ter ladrão". "Só vem turista aqui quando está perdido", brinca.
Acilon Gonçalves afirma que, no local, seria priorizado desenvolvimento turístico e urbano, visando geração de emprego e renda. "O Eusébio tem cuidado no setor de educação, saúde, e buscado um desenvolvimento econômico e social das pessoas da área, do Terral, da praia da Cofeco, da Abreulândia, ao longo dos anos". A assessoria de comunicação da Prefeitura de Fortaleza afirmou que a cessão "é um debate que está na Assembleia (Legislativa)".
Conforme Luiz Carlos Mourão Maia, presidente da Comissão de Criação de Novos Municípios, Estudos de Limites e Divisas Territoriais da Assembleia Legislativa, havendo uma mera cessão de área a responsabilidade seria unicamente dos municípios envolvidos. No caso de agregação de área, porém, o assunto vai para a Assembleia. Segundo ele, a comissão ainda não recebeu nenhuma demanda do tipo.