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Um alerta para o diagnóstico precoce
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Um alerta para o diagnóstico precoce

| Setembro dourado| Passeio ciclístico da Associação Peter Pan chama a atenção para a importância de identificar sintomas do câncer em crianças e adolescentes
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Cerca de 300 pessoas participaram do passeio ciclístico da campanha Setembro Dourado (Foto: Mauri Melo)
Foto: Mauri Melo Cerca de 300 pessoas participaram do passeio ciclístico da campanha Setembro Dourado

Crianças não sabem muito bem dizer o que sentem. Ainda mais se for algo relacionado a sintomas que possam sugerir acometimento de alguma doença. Mas quando a apatia, o emagrecimento ou aquela febre persistente não passam, pais, professores e profissionais da saúde precisam estar atentos. Pode ser algum tipo de câncer infanto juvenil. E quanto mais cedo ele for identificado, maiores são as chances de aquela criança se curar. Atualmente, esse percentual não é maior do que 50% no Nordeste.

Ontem, um passeio ciclístico da campanha Setembro Dourado tentou levar às ruas de Fortaleza o alerta do diagnóstico precoce. Organizado pela Associação Peter Pan, o evento contou com a participação de aproximadamente 300 pessoas. Foram 15 km percorridos em prol da maior participação social na luta contra o câncer, que segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), acometeu cerca de 12,5 mil crianças e adolescentes entre 2018 e 2019. "O câncer infantil é muitas vezes confundido com doenças benignas da infância, daí a necessidade de estarmos em alerta", afirma a gerente de técnica médica da Associação, Sandra Emília Almeida Prazeres.

No Brasil, o tipo mais comum de câncer em crianças e jovens é a Leucemia Linfoide Aguda, chegando a 70% dos casos. Mas são registrados também casos de tumores ósseos, abdominais e cerebrais. Diferente dos cânceres em adultos, que podem estar associados a comportamentos que levem à doença (obesidade, fumo, vida sedentária), e assim criar caminhos de prevenção, em crianças apenas o fator genético se sobressai. "Febre que dura mais de duas semanas, emagrecimento, sonolência, uma criança que não quer brincar, aumento abdominal. São muitos os possíveis sintomas, mas o principal é a persistência deles", detalha a médica.

Se detectado mais precocemente, o câncer poderá não precisar de um tratamento tão intenso, que muitas vezes prejudica ainda mais a condição de saúde da criança. "Durante o tratamento existem muitas intercorrências. A quimioterapia ataca células doentes, mas também as células boas", ressalta a médica. Problemas cardíacos e renais, infecções, e sepses são alguns dos problemas gerados a partir do tratamento.

Um simples hemograma já pode apontar suspeitas sobre a doença, que será confirmada ou não através de um mielograma, feito através da coleta de sangue dentro da medula óssea."Se for detectado mais cedo, o tratamento será menos intenso e, portanto, com menos efeitos", destaca.

O gerente geral do Peter Pan, Marcus Borges, pondera que as chances de cura podem chegar até 70% se órgãos públicos e sociedade, principalmente nos municípios interioranos, conseguirem identificar os sintomas mais precocemente. "O câncer em crianças pode levar até 12 anos até a cura, exigindo ainda mais atenção de todos", afirma. Hoje, 96 crianças estão internadas no Centro de Saúde Peter Pan, que atente ainda cerca de 2.560 meninos e meninas, sendo 62% oriundos do interior.

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