A 29ª edição do Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema não vem fugindo de falar de política e do momento difícil que vive o audiovisual atualmente. Ontem, 1º, os dois filmes da mostra competitiva principal que foram exibidos - Ressaca, de Patrizia Landi e Vincent Rimbaux, e Notícias do Fim do Mundo, de Rosemberg Cariry - tiveram apresentações marcadas por discursos de resistência, ainda que sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (PSL). A indústria do audiovisual vem passando por ano delicado em relação a políticas públicas, sendo criticada diretamente pelo pesselista em diferentes ocasiões.
Na fala, a diretora de Ressaca celebrou o Nordeste. "É uma honra estrear no Cine Ceará, nesse 'país' que é o Nordeste, um lugar que pode ensinar o resto do Brasil a fazer duas coisas: cinema e votar", afirmou. Já Notícias do Fim do Mundo foi apresentado pelo cearense Rosemberg Cariry, que louvou o Cine Ceará como símbolo "não só do nosso cinema, arte e cultura, mas também da resistência". "Aqui afirmamos o nosso compromisso com a vida e com a liberdade. Um País tão belo não é para ser queimado. Estamos juntos para dizer não à força bruta", ressaltou o artista. Ao final do discurso, dedicou a sessão do filme ao ex-presidente Lula.
O tom político tem sido predominante desde a abertura do evento, na última sexta, 30, quando a atriz Fernanda Montenegro afirmou que "é na arte que o Brasil dá certo". Na ocasião, os ex-presidenciáveis Ciro Gomes e Fernando Haddad estiveram presentes. No sábado, a atriz Lília Cabral, que recebeu homenagem do Festival, lembrou que "os governos passam e a arte permanece". O Cine Ceará segue até a próxima sexta, 6, com programação gratuita no Cineteatro São Luiz e também no Cinema do Dragão.
RECURSOS
Na abertura do evento, na sexta, o governador Camilo Santana firmou compromisso de dobrar os investimentos para o audiovisual no Ceará. "A cada ataque contra a cultura, vamos fazer mais ação no Estado", afirmou.