Há dois meses, Marcos, nome adotado para preservar a identificação do jovem, é atendido em uma clínica particular de psicologia em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. O estudante do 3° ano do ensino médio procurou por assistência psicológica após ter crises de nervosismo com tremores na escola que frequentava. Até agora, o aluno segue sem compreender o que o levava a tal estágio, mas está em tratamento para chegar a um diagnóstico. "Parecia que eu tinha um trauma com o lugar", confessa o jovem de 18 anos.

O primeiro passo em busca de ajuda foi dado pelo próprio Marcos, fato que vai na contramão do ato de se isolar de estudantes que estão passando por transtornos mentais. "Eu procurei porque vi que tinha algo que sozinho não conseguiria resolver."

Marcos recorreu à mãe, que acabou levando-o ao profissional que o acompanha agora, mesmo tendo ela duvidado do estado emocional do filho inicialmente. O jovem conta que a família via seu quadro como de preguiça. "Eu não querer ir à escola era um sinal de comodismo. Parecia preguiça pra eles ou que eu tinha me acostumado a faltar e não queria mais estudar. É o contrário. Eu gosto de estudar, aprender. Além do fato de detestar faltar (à escola)", defende-se.

Hoje, Marcos vê avanços. "Mudei e consigo frequentar a nova escola e estudar, algo que eu não conseguia lá. Me sinto bem, mesmo não tendo muitos amigos. Me sinto melhor, mais confortável." Na escola anterior, as lembranças do estudante são de piadas a cada vez que faltava e ainda do apelido que recebeu: turista. Professores da instituição até tentaram ajudar, relembra Marcos, mas não foi o suficiente para o aluno.   

"Eu entendo que têm mais pessoas à procura (de atendimento psicológico), mas é muito demorado (o atendimento). As pessoas lidam com os problemas dos jovens de forma errada, uma visão errada disso tudo", encerra.