Boletim de Balneabilidade da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), apontou que "onze trechos da zona leste da orla estão impróprios para banho. A zona inclui toda a Praia do Futuro". Segundo o alerta da Semace, divulgado ontem, "a ocorrência de óleo na faixa de areia é a causa da reprovação de dez de onze trechos analisados".

A contaminação da faixa de praia em Fortaleza é uma das consequências do derramamento de petróleo cru no litoral dos nove estados do Nordeste. A Bahia, único estado que estava fora da poluição, teve o primeiro registro. Desde o dia 2/9, a mancha de óleo vem se deslocando do Maranhão.

De acordo com Lincoln Davi, diretor de Controle e Proteção Ambiental da Semace, "o óleo tem o agravante de ser classificado como material perigoso", afirmou no site da Semace. Ele explica que segundo a Resolução 274/2000/Conama, definidora do método e dos parâmetros da balneabilidade, a praia é considerada imprópria para banho, quando é avistado lixo na faixa de areia. "Como esse material pode aparecer e desaparecer da praia, conforme os dois movimentos diários da maré, pedimos que o banhista fique atento e evite o contato com o óleo". orientou.

De acordo com o site da Semace, a contaminação do petróleo cru nas praias do Ceará "é considerada sob controle desde o dia 26/9". Data em que técnicos da autarquia realizaram um sobrevoo no litoral do Estado "e não viram manchas de óleo se aproximando" da orla.

Sobe para 115 o total de pontos de praia impactados por óleo no Nordeste

Ontem, 20 servidores da Semace fizeram um mutirão de limpeza na Praia do Futuro, nos oito quilômetros entre o Caça e Pesca e o Titanzinho. Eles recolheram "flocos de óleo cru trazido pela maré alta". Foi depois que banhistas alertaram para a ocorrência dos resíduos.

Se a Praia do Futuro apresentou a alteração, não houve avistamento de óleo nas duas outras zonas litorâneas monitoradas pela Semace.

Na área do Centro, de acordo com o Boletim da Semace, a situação favorável com oito trechos próprios para banho, do total de nove examinados. São as praias do Mucuripe, Meireles e de Iracema. Não houve coleta da água do mar no trecho que vai do espigão da avenida Rui Barbosa à rua José Vilar. Na zona oeste, que vai do Centro à Barra do Ceará, das dez praias analisadas - quatro dão condição de banho.

Há dez dias, uma tartaruga oliva encalhou com vida na praia do Titanzinho. Coberta pelo petróleo cru, instrutores e surfistas da Escola Beneficente de Surf Tintanzinho (EBST) limparam o animal e o devolveram ao mar.

A bióloga Alice Frota Feitosa, do Verdeluz, elogiou a intenção das pessoas que prestaram socorro à tartaruga. Porém, recomendou que qualquer pessoa que encontre um animal oleado não deve proceder assim.

PF vai investigar vazamento de petróleo cru que contaminou litoral do Nordeste

Primeiro, porque sem material adequado para o atendimento poderá acabar se intoxicando. Segundo, porque retirar o resíduo da parte externa do animal não significa salvá-lo. "Provavelmente, todos que estão encalhando nesse período ingeriram o piche. Numa necropsia que fizemos, achamos petróleo nos pulmões de uma outra tartaruga", revelou Alice Feitosa.

Até agora, mais de 70 tartarugas encalharam ao longo do litoral do Nordeste. Sete delas, mortas. Doze teriam sido afetadas diretamente pelo óleo. No Ceará, de acordo com o site do Ibama, pelo 26 encalharam. Só em Jericoacoara foram dez. Além disso, há o registro de uma ave afetada e que não resistiu ao óleo aspirado. Ela foi encontrada na praia do Cumbuco e levada para a ONG Aquasis.

A mancha de petróleo cru que polui o litoral do Nordeste do Brasil chegou ontem à Bahia. A costa baiana era a única, entre os nove estados nordestinos, onde não havia sido registrada a presença da "substância perigosa". Agora, de acordo com o site Ibama, já são 124 praias atingidas em 59 municípios da região.

O registro na Bahia foi emitido pelo Comando do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil. Manchas apareceram no distrito de Mangue Seco, no município de Jandaíra. A Capitania dos Portos informou que "o material é oleoso e similar ao que foi encontrado nas outras praias do Nordeste".