O Ministério Público Estadual (MPCE) apresentou à Justiça nesta quinta-feira, 24, denúncia contra um homem apontado como chefe de uma facção criminosa que atua condomínio Cidade Jardim II, no bairro Prefeito José Walter, em Fortaleza.
Leonardo Nascimento de Medeiros, conhecido como "Coringa", é acusado de cobrar de moradores taxas para que tivessem acesso a serviços de internet, televisão a cabo e gás. Criminosos estariam impedindo o trabalho dessas empresas no local. Além disso, ele seria responsável pela expulsão de moradores da comunidade, por possuírem relação com membros de outras facções.
O acusado foi preso na manhã do dia 6 de outubro último. A Polícia fazia patrulhamento no Cidade Jardim quando foi averiguar denúncia de poluição sonora e resolveu abordar algumas pessoas, nas proximidades do Bloco 17 do Condomínio. Leonardo estava entre elas. Com ele, a Polícia ainda apreendeu nove trouxinhas de cocaína.
A denúncia, ao qual O POVO teve acesso, cita ainda que a Polícia já conhecia o acusado por, durante abordagens de rotina, ter visto em aplicativos de celular fotos que o apontavam como chefe do Comando Vermelho (CV) no Cidade Jardim II.
Ele foi denunciado pelos crimes de tráfico de drogas (art. 33, da lei n. 11.343/06.) e integrar organização criminosa (art. 2º, da lei n. 12.850/13)
Em interrogatório, ele negou pertencer a organização criminosa e também disse não ser sua a droga apreendida. Leonardo negou até mesmo possuir o apelido "Coringa". Durante audiência de custódia, no início do mês, ele disse não ter mais cometido crimes após deixar a prisão. Leonardo afirmou que vinha trabalhando como bombeiro hidráulico. Ele possui antecedentes criminais por crimes como porte de arma, receptação e roubo. Sua defesa impetrou pedido de habeas corpus, que ainda deve ser julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado.
Pelo menos um outro caso recente de prisão por expulsões de moradores foi registrado no Cidade Jardim II. Em 11 de setembro último, Leandro Balbino Damasceno e Rafael Ramos Fiúza foram presos sob suspeita de expulsar uma moradora do bloco 5 do condomínio. Eles disseram, como consta em parecer do MP ao qual O POVO teve acesso, que a vítima não voltasse ao apartamento onde morava ou morreria. Segundo o MPCE, depoimentos colhidos pela Polícia Civil apontam que os dois são autores de diversas expulsões e extorsões no residencial. Eles também seriam membros do CV.
Já em agosto outro episódio de conflitos entre facções foi registrado no Cidade Jardim II. Um feirante foi sequestrado, espancado e ameaçado de morte por integrantes do CV. A motivação do crime seria a vítima morar em uma comunidade dominada pela facção Guardiões do Estado, a Comunidade dos Macacos, em Maracanaú.
Cerca de oito pessoas arrebataram o comerciante, no momento em que ele ia à Feira da Cidade Jardim II, e o levaram a um matagal. Mesmo tendo dito que estava apenas trabalhando e não tinha envolvimento com facções, o homem foi espancado com socos e chutes. Enquanto isso, os criminosos perguntavam sobre os donos das "bocada" da Comunidade dos Macacos. "Vou te matar... Vou quebrar suas pernas...", teria dito um dos criminosos, conforme consta na denúncia do caso feita pelo MPCE, ao qual O POVO também teve acesso. "Macho, você vai morrer para servir de exemplo", dizia outro. Um outro chegou a carregar o revólver, mostrando as balas, e dizer que o "demônio iria beber o teu sangue".
Segundo a vítima contou à Polícia, os criminosos esperavam uma autorização do chefe do CV na região para executá-lo. A liderança era chamada apenas de Irmão Coruja. Nesse momento, uma viatura da Polícia Militar chegou no local e resgatou a vítima. Os criminosos, porém, conseguiram fugir — à exceção de um deles, identificado como Francisco Anderson de Sousa Bezerra. Na próxima quarta-feira, 30, a Justiça julga pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do acusado.