Foi preso na tarde de ontem um universitário suspeito de participar de um grupo que estaria estuprando estudantes no Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará (UFC). O nome do preso é Gisleudo de Oliveira Félix, de 24 anos, conforme apurou O POVO com uma fonte da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), unidade que apura o caso. Ele seria estudante do curso de Agronomia da UFC.
Uma fonte ligada à Polícia Civil informou que o suspeito passou por reconhecimento, feito com as vítimas do crime. Contra ele, havia sido expedido ainda ontem mandado de prisão temporário, assinado pela 12ª Vara Criminal. A capitulação penal do mandado é estupro, com o agravante de a vítima ser menor de 18 anos. A pena máxima prevista pelo Código Penal Brasileiro (CPB) para o crime é 12 anos. O mandado de prisão tem duração de cinco dias, podendo ser convertido, ao fim desse tempo, para prisão preventiva.
Conforme O POVO publicou na edição de ontem, estudantes da UFC denunciam que diversos estupros ocorreram no campus desde o começo do ano. Eles seriam perpetrados por um grupo com mais de cinco pessoas, conforme disse uma estudante, de identidade preservada. Mais de 10 mulheres denunciaram abusos sexuais em um perfil de rede social criado pelas estudantes para acompanhar o caso. Boletins de ocorrência também tinham sido registrados na Polícia Civil. A UFC abriu sindicância administrativa para apurar o caso. Tanto os inquéritos policiais, quanto a sindicância tramitam em segredo de Justiça. Ontem, a UFC ainda anunciou que implantará novas medidas de segurança no campus, como reestudo do posicionamento da vigilância.
Uma estudante da UFC, de identidade preservada, diz que, mesmo depois de ter surgido o primeiro relato de que ele teria estuprado uma jovem, em julho, Gisleudo continuava andando normalmente pela UFC. Após o caso, conta ela, apareceram outras denúncias dando conta de que ele coagia jovens. Ela é uma das idealizadores da iniciativa Maria Vá com as Outras, que está recebendo denúncias sobre casos de estupros na UFC.
Conforme outras estudantes da UFC com quem O POVO conversou, Gisleudo era conhecido por assediar jovens no campus. Duas universitárias que foram alvo da abordagem relatam episódios que ocorreram ainda em 2017. "Ele costumava tentar me abraçar, beijar mesmo eu claramente demonstrando desconforto", disse uma delas. Conforme ela, em espaços virtuais de alunos da UFC, garotas chegaram a alertar sobre um estudante conhecido por assédio. A fonte ainda contou conhecer outras três jovens que relataram maneira semelhante de abordagem vinda de Gisleudo. Já uma outra aluna relata ter ficado assustada com a postura "estranha" e "invasiva" de Gisleudo em uma festa. Ao ver a cena, uma amiga da jovem disse que Gisleudo já havia perseguido-a uma outra vez. "Fiquei muito assustada naquele dia e creio que se meu amigo não estivesse comigo algo ruim teria acontecido". (Com informações de Jéssika Sisnando)