Em julho do ano passado, o posto de saúde Dom Lustosa, no bairro Granja Lisboa, em Fortaleza, fechou para reforma e o atendimento foi transferido para o segundo piso de um supermercado da região. No local cedido de forma gratuita ao poder público municipal, usuários do SUS têm acesso apenas a consultas médicas, serviço que divide espaço com um caixa para pagamentos, uma sala de aula, uma biblioteca e um refeitório.
A dona de casa Raimunda Pereira, 61, é hipertensa e é acompanha pela equipe do Dom Lustosa desde 2004. Ela explica que há mais de um ano precisa se deslocar para outro posto de saúde do bairro e enfrentar uma fila que dura, pelo menos, uma hora para receber os remédios de uso contínuo. "Aqui, a gente é bem atendida. Não tenho o que reclamar em relação a isso, mas lá (no endereço original do posto) era bem mais confortável", lamenta.
De acordo com os funcionários, a titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Joana Maciel, e o secretário da Regional V, José Ronaldo Rocha, fizeram uma visita ao local na última semana e garantiram que o posto será entregue até o fim deste ano, mesmo prazo que o proprietário do supermercado deu para que o local seja desocupado.
Em nota, a SMS afirmou que a conclusão da obra está dependendo da troca do reservatório da instalação sanitária que apresentou uma deformação em sua base. O órgão ainda disse que a construtora responsável já foi notificada sobre a demanda e realizará o conserto até dezembro deste ano.
Segundo a secretaria, o funcionamento provisório do local no supermercado foi acordado entre o Conselho Local de Saúde e atendia a necessidade de ser próximo à área assistida. A pasta acrescenta que a demanda de pacientes do posto em reforma, assim como as equipes de funcionários, foi distribuída entre outros dois postos: Guarany Mont´Alverne, também no bairro Granja Lisboa, e Edmilson Pinheiro, no Conjunto Ceará.
O problema da instalação sanitária faz com que o esgoto acabe sendo despejado a céu aberto, prejudicando moradores e comerciantes. Manuel Messias da Silva, 62, diz que improvisou uma contenção, com uma tábua de madeira, para evitar que o efluente invadisse sua casa.
"Isso é um descaso grande do poder público. Quando começa a vazar é ruim para todo mundo, nosso apelo é que o prefeito saiba disso e tome uma providência", insiste o morador. Com a reforma, Manuel, que tem mobilidade reduzida, precisa se deslocar para outro bairro, o Conjunto Ceará, para ser atendido e realizar um tratamento de hérnia de disco.