Para o delegado Samuel Elânio, as operações ocorridas este ano enfraqueceram a GDE a ponto de a facção estar próxima do fim — “se é que já não se acabou”. Segundo ele, a organização criminosa está descapitalizada e desorganizada. “Se existe armamento na mão dessa facção é algo irrelevante ou ínfimo”, destacou. Ele ainda disse que a cúpula da facção, toda presa, não vem conseguindo repor seus membros por faccionados soltos.
Para o promotor Rinaldo Janja, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE, a facção sofreu “duros golpes”, mas segue sendo preciso permanecer atento para que o grupo não volte a ter o poder que já teve. “Temos que ficar vigilantes, principalmente para que não haja essa sucessão dentro da facção”, declarou. “O que foi arrecadado hoje vai subsidiar a continuidade da investigação”, disse.
Conforme o "estatuto" da GDE, documento apreendido com integrantes da facção ainda em 2016, a organização criminosa surgiu em 1º de janeiro de 2016, dentro de unidades penitenciárias. Em 2019, conforme interrogatório de seus fundadores à Polícia Civil, a facção já passava de 20 mil membros. Uma decisão da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, de maio deste ano, afirmava que o grupo estava presente em 90 cidades do Ceará e possui faturamento mensal de R$ 5 milhões.
"Depois do tráfico de drogas, a GDE começou a ampliar atividades comerciais como forma de não chamar a atenção dos órgãos de segurança e ter acesso ao dinheiro lavado. A GDE escolheu bairros pobres e ocupações para ampliar a atuação comercial, onde os serviços públicos e privados são deficitários", diz outro trecho da decisão.