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Profetas da Chuva anunciam chuvas acima da média no Ceará
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Profetas da Chuva anunciam chuvas acima da média no Ceará

Observadores da natureza se reuniram ontem em Quixadá para prever o inverno de 2020 no 24º Encontro dos Profetas da Chuva
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CAPAZES DE LER os sinais da natureza, profetas se reuniram em Quixadá neste sábado (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES CAPAZES DE LER os sinais da natureza, profetas se reuniram em Quixadá neste sábado

Pela voz de quem traduz os sinais da natureza, a expectativa é de que as precipitações da quadra chuvosa de 2020 sejam acima da média. É o que dizem os observadores da natureza no 24º Encontro dos Profetas da Chuva. O evento foi realizado na manhã de ontem, 11, no campus da Faculdade Cisne, em Quixadá, distante 167 km de Fortaleza. Participaram cerca de 20 profetas da região do Sertão Central.

Os sinais são vistos na floração da aroeira e da carnaubeira, nos ventos que saem do Oeste em direção ao Leste, nos experimentos do dia de Santa Luzia, no caminho dos animais, nos astros. O Sertão fala e eles são sensíveis e sábios para entender. Homens e mulheres que desenvolveram uma relação íntima com a natureza durante toda a vida, os profetas se definem apenas como seus observadores e destacam a soberania divina.

"Dos que já conversaram comigo, é (inverno) positivo. Da média para cima e bem distribuídas. Os mais pessimistas dizem que vai ser um inverno bom, os mais otimistas dizem que vai ser o maior inverno dos últimos dez anos", afirma Helder Cortez, um dos idealizadores e organizador do evento. Para ele, o maior objetivo do encontro é resgatar e perpetuar a cultura dos profetas. Algo que não tem sido fácil, tendo em vista as mudanças advindas da "modernidade, da dinâmica da vida, as pessoas serem mais urbanas do que rurais". "Na primeira edição, tivemos sete profetas e aproximadamente umas 30 pessoas. Foi crescendo. Hoje, o evento está com 600 pessoas e a presença da imprensa", diz.

As chuvas do primeiro dia do ano foram um dos sinais positivos observados por José Célio de Assis, 92, um dos profetas mais experientes. "Eu observo os ventos e as árvores. A floração na carnaubeira, cumaru e do flamboyant estão carregadas", diz o agricultor do Limoeiro do Norte.

Em 13 de dezembro, dia de Santa Luzia, Lurdinha Leite, 82, fez experiências com pedras de sal. "Se desmanchar todas é porque o inverno vai ser bom. Se desmanchar umas e outras não, é porque vai ser irregular. Todas as minhas experiências deram boas", relata a agricultora. Titico Baia, 67, de Quixeramombim, diz que a expectativa é de que açudes vão encher. "Vai ter sol em março mas não faz medo. Na segunda quinzena de maio os açudes vão encher", projeta.

Outros sinais também corroboram a presença de boas chuvas. O vento do Aracati, o sentido dos ventos, a barra do céu no dia 18 de outubro, relâmpago em setembro, as manchas ao redor da Lua Cheia.

Assim como Titico, quase todos os profetas presentes concordam que as chuvas deste ano devem ser mais intensas que as do ano passado — consideradas dentro da média histórica para o período.

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