Nos seis primeiros dias de fevereiro, o Ceará acumulou 50% do volume de chuvas considerado dentro da média para o mês. Foram 59,2 milímetros (mm) em média, ante os 118,6 mm esperados. Até ontem, 6, as chuvas foram bem distribuídas dentre as oito macrorregiões do Estado. O melhor índice é do Litoral de Fortaleza, que já alcançou quase 74,10% do esperado para o mês. Regiões consideradas mais críticas como Sertão Central e Inhamuns, Jaguaribana e Cariri também têm recebido bons aportes, conforme o Calendário de Chuvas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Esse cenário é resultado da atuação de dois sistemas meteorológicos, aponta Raul Fritz, meteorologista da Funceme. "A gente tem um sistema típico de pré-estação, o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (Vcan), atuando desde o começo do mês. Junto com Zona de Convergência Intertropical (Zcit), que ocorre na estação chuvosa. Um reforça o outro", explica. Fritz avalia que o índice é "significativo" visto que é observado em menos de uma semana. O aquecimento das águas do Oceano Atlântico abaixo do Equador e próximo ao Nordeste tem facilitado a atuação da Zona de Convergência Intertropical, conforme o meteorologista.
Ele detalha que o El Niño — fenômeno associado à redução de chuvas no Nordeste brasileiro — tem 32% de chances de ocorrer no primeiro trimestre da quadra chuvosa (fevereiro, março e abril). São 68% de chances de águas neutras. "Algumas áreas do Oceano Pacífico Equatorial estão mais aquecidas e outras neutras. Se toda a região estivesse aquecida configuraria o fenômeno El Niño", diz.
Todas as macrorregiões foram banhadas pelas águas dos primeiros dias da estação chuvosa: Jaguaribana (61,2 mm), Maciço de Baturité (67,8 mm), Sertão Central e Inhamuns (51,3 mm), Litoral de Pecém (57,9 mm), Cariri (69,5 mm), Litoral Norte (62, 5 mm) e Ibiapaba (51,8 mm). Uma das regiões mais críticas do ponto de vista do abastecimento hídrico, Jaguaribana registrou 53,3% do volume médio do mês, seguido de Sertão Central e Inhamuns (48,7%) e Cariri 41,6%.
Fritz pondera, no entanto, que apesar de o cenário continuar favorável, o Ceará pode ter redução nas precipitações pois tem característica própria de "chuvas não serem contínuas". "Pode ter dias com menos chuvas e outros com mais chuvas. Podemos ter uma diminuição do número de municípios banhados pelas chuvas e depois voltar a aumentar. É uma característica do Estado, do semiárido", destaca.
A pré-estação chuvosa registrou precipitações 16,9% acima da média histórica para o bimestre. Conforme balanço da instituição, as chuvas acumuladas nos meses de dezembro e janeiro somaram 152,3 mm em relação à normal do período, que é de 130,3 mm.
O volume dos primeiros seis dias da quadra tem confirmado expectativa do prognóstico para a estação chuvosa. São 45% de probabilidade de chuvas acima da média para o primeiro trimestre. A possibilidade mais animadora é seguida de 35% de chances para a categoria em torno da normal e 20% para a categoria abaixo da normal para o trimestre. A previsão da Funceme é de que fevereiro e março sejam os meses mais chuvosos do quadrimestre chuvoso. Em 2019, os quatro meses do período chuvoso finalizaram com volume dentro da média (676,3 mm).