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Confira o que tocou no Carnaval de Fortaleza
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Confira o que tocou no Carnaval de Fortaleza

Em cada lugar, dos maracatus ao Mundo Bita, muitas melodias embalaram os cearenses, que se dividiram entre o bom humor e temas politizados
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COLETIVO SambaDelas abriu o show de Mart'nália, na Praia de Iracema, com muito samba
 (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE COLETIVO SambaDelas abriu o show de Mart'nália, na Praia de Iracema, com muito samba

O cearense, definitivamente, "brotou no bailão" e fez do Carnaval um momento não só de alegria, mas também de mensagens e discursos dentro e fora dos polos oficiais da folia. Assim como nas fantasias, a cada ano mais elaboradas e criativas, as músicas delimitaram muito do que os foliões pensam para além dos quatro dias que antecedem ao "início oficial" do ano. Na Fortaleza de muitas caras, muitos também foram os sons que fizeram a cabeça e mexeram os corpos do fortalezense: do Amor de Que de Pabllo Vittar ao brega-funk do carioca Pedro Sampaio, este a mais recente novidade musical do pedaço. Quem nunca deu uma sarrada no ar que atire a primeira pedra!

No Benfica, um dos pólos de maior pulsação na Cidade, o peso dos tambores e a valorização dos artistas e compositores locais seguiram firmes antes mesmo do Carnaval propriamente dito. O bloco Hospício Cultural, com ensaios abertos desde o mês de dezembro, fez bonito na praça João Gentil ao evidenciar a rica e necessária cultura do "Brasil real", denominação tão festejada por Ariano Suassuna. Cocos, bumba-meu-boi e sambas dividiram as forças com a Orquestra Solar de Pingo de Fortaleza e projetos mais recentes como o Forria e o irreverente Duas Doses de Música.

Representatividade e resistência foram os alicerces fincados pelo Bloco das Travestidas, que foi destaque no Largo dos Tremembés (Praia de Iracema). "Pensamos em como unir ritmos de Carnaval com músicas feitas por mulheres e/ou reconhecidas pela voz das mulheres e por pessoas LGBTs, dando sempre prioridade a esses grupos", resumiu Denis Lacerda. Sendo assim, hits de Glória Groove, Ludmilla, Anitta e Ivete animaram o público, bem como novas roupagens de canções conhecidas como Eu quero é botar meu bloco na rua (1973), de Sérgio Sampaio.

Afoxés, escolas de samba e maracatus já têm seu local certo. É na avenida Domingos Olímpio que o negrume dos rostos pintados emerge a ancestralidade africana e se traduz em loas enaltecendo nomes como João Cândido (líder da Revolta da Chibata) e Mãe Zimá, referência da Umbanda no Ceará. Mas se o caso foi se entregar às marchinhas, fazer uso de máscaras venezianas, confetes e serpentinas, a opção - assim como em todos os anos - tem sido o Polo Mocinha com a presença do tradicional Num Ispaia Senão Ienchi. Até o Mundo Bita apareceu para a alegria dos pequenos, gente!

Mas o resumo da história é: mais do que em versos, o Carnaval de Fortaleza 2020 pôde ser sentido por meio de atitudes. Individuais ou em grupo. Bandas e blocos queridos do fortalezense não pouparam nos seus discursos ao microfone, enfatizando a importância de estarmos na rua e, sobretudo, de não termos medo. Em meio a tensões e incertezas decorrentes dos últimos acontecimentos na Cidade, bom saber que a alegria reverberou como o grande personagem desses cinco dias. Foi tudo ok!

 

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