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Desfile da Domingos Olímpio compartilha ensinamentos sobre tradição e história
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Desfile da Domingos Olímpio compartilha ensinamentos sobre tradição e história

Em cortejos que celebram identidade e ancestralidade, maracatus ecoam a permanência da manifestação cultural na história
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Maracatu Nação Iracema (Foto: Aurelio Alves/O POVO)
Foto: Aurelio Alves/O POVO Maracatu Nação Iracema

Se a chuva vem - como veio às 20 horas do sábado, 22, junto do desfile do Maracatu Nação Palmares - é porque "são as bênçãos que Deus tá derramando no nosso grupo", como encara a cuidadora de idosos Cláudia Pinho, 46, que desfilaria na agremiação, mas chegou atrasada à avenida Domingos Olímpio - o que não a impediu de seguir o cortejo junto com o público. Se o nervosismo bate, o professor Angelino Albano - 58 anos, balaieiro do Maracatu Rei Zumbi - ensina a ter confiança: "O que todo mundo aqui quer é conquistar o primeiro lugar, então essa é a nossa expectativa". Nos cortejos dos maracatus na Domingos Olímpio, que aconteceram no fim de semana no polo oficial do Carnaval de Fortaleza, são muitos os aprendizados que as apresentações trazem.

Da loa para Clara Nunes do Nação Axé de Oxóssi, que abriu os desfiles no sábado, à retomada da trajetória de Chica da Silva pelo Rei de Paus, no domingo, destacou-se a política - seja mais frontal ou mais sutil. No Nação Fortaleza, que falou do "almirante negro" João Cândido, a ala em memória a Marielle Franco foi aplaudida. O público também enalteceu os recados que o Vozes da África trouxe na defesa dos povos indígenas, da Amazônia, das vidas negras e da tolerância religiosa.

O pertencimento é outra regra na avenida. "Minha avenida", aliás, como muito se ouve por entre os integrantes dos "meus maracatus". É por ele que a secretaria da Cultura pretende agir, afirmou o titular da pasta Gilvan Paiva. Dentre ações da Secultfor, está levar maracatus para escolas das comunidades que os constroem. "Isso tem ajudado a dar uma identidade junto a um setor fundamental: a criançada, a juventude", apontou, adiantando um "trabalho de memória", previsto para 2020, que preservará loas antigas.

Um trabalho assim, sabe-se, é feito todo dia por cada membro de cada maracatu. Para quem diz que folia não ensina, recomenda-se um fim de semana de Carnaval na Domingos Olímpio. Quem for conferir vai, certamente, no mínimo, sair de lá sabendo mais sobre tradição, resistência e paixão. O professor Lucas Siqueira, 27, com a afilhada Ana Larissa, 4, no colo, arrematou: "Maracatu não é uma coisa de Carnaval, mas ele existe, resiste e permanece muito graças ao polo da Domingos Olímpio. Os desfiles são muito importantes para a manutenção de coisas que são muito nossas: os maracatus, afoxés, escolas de samba".

 

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