Do início de 2016 até o final de 2019, 15.315 pessoas foram vítimas de crimes violentos letais intencionais (CVLI's), no Ceará. O maior número de assassinatos se concentrou em 2017, quando 5.132 morreram da maneira referida. Em 2019, o governo do estado do Ceará conseguiu reduzir os homicídios, apresentando melhores resultados em relação aos anos anteriores.
O governo de Camilo Santana celebrou o resultado como fruto de sua "ajustada" política de segurança pública. Em janeiro de 2020, no entanto, os índices indicavam novo aumento e, em fevereiro, foram registrados 456 CVLI's. No ano de maior número de homicídios da história do Ceará, 2017, o mesmo mês registrou 269 CVLI's.
Obviamente, o governo atribuirá esse número absurdo aos eventos que envolvem a greve de policiais militares. O problema é que, entre outras coisas, o Estado revela a fragilidade de uma política que, nos últimos anos, não ultrapassou o plano da superficialidade, com investimentos concentrados em policiamento e sem sustentação em um projeto mais amplo de transformação social.
Em linhas gerais, é possível observar uma continuidade dos mesmos problemas dos anos anteriores em função de o governo insistir em não encarar um projeto de segurança pública como algo além de investimento em polícia, equipamentos de vigilância e estratégias equivocadas de enfrentamento da violência e do crime.
Trata-se de um trabalho que fracassou em mudar as condições sociais de produção do crime e violência, mas que se sustenta porque utiliza de estratégias de marketing político, visando resultados eleitorais e não uma mudança substantiva de um cenário de calamidade pública.
Sim, nunca se investiu tanto em polícia no Ceará, mas esquecem de que segurança pública não se trata apenas de polícia e sim de um conjunto de investimentos qualificados em áreas estratégicas como a infância, juventude, educação, diminuição da pobreza, enfrentamento da desigualdade social, estratégias de assistência e cuidado, entre outras coisas.