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Estudantes surdos perdem aula por falta de intérpretes de libras
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Estudantes surdos perdem aula por falta de intérpretes de libras

Campus de Fortaleza conta com apenas dois profissionais capacitados e cinco alunos surdos
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Estudantes surdos do IFCE estiveram reunidos no Ministério Público. Foto: Arquivo pessoal (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Estudantes surdos do IFCE estiveram reunidos no Ministério Público. Foto: Arquivo pessoal

 O número de intérpretes da língua brasileira de sinais (Libras) no Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus Fortaleza, é quatro vezes menor que a necessidade. A instituição tem dois servidores com a capacitação e quatro estudantes surdos.

Segundo Nádia Ribeiro, vice-coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne), do IFCE, o número preconizado é de dois servidores por estudante. "A partir de 20 minutos, o intérprete já sofre sobrecarga no trabalho. O máximo de tempo consecutivo é de 40 minutos", justifica Nádia.

A situação ainda é mais grave porque um dos dois intérpretes está de licença médica. "Sinto meus direitos de estudante do IFCE serem cerceados devido a falta de acessibilidade", lamenta Weverson Martins, 24, deficiente auditivo que cursa o 2º semestre de Turismo.

Ele afirma que os dois intérpretes estão sobrecarregados e não conseguem atender toda a demanda. As viagens técnicas, obrigatórias na formação de guia, por exemplo, não têm tradução.

Henrique Sousa, 26, aluno do primeiro semestre do curso de Artes Visuais também é prejudicado. "No dia em que não tem intérprete é praticamente uma aula perdida porque ele não entende quase nada", lamenta sua mãe, Maria Sousa, 45.

"A contratação via concurso não é mais possível. Então estamos esperando por iniciativa dos superiores. O cargo de intérprete foi extinto, então fica invalidado concurso público. Teria de avaliar a contratação temporária ou a terceirização, que não é a ideal", explica Nádia.

No início de março, cerca de 30 estudantes, entre surdos e ouvintes do IFCE, participaram de uma manifestação na sede do Ministério Público Federal, em Fortaleza. Os alunos entregaram um documento afirmando que o reitor do IFCE descumpre a legislação federal de acessibilidade.

Segundo o pró-reitor de Gestão de Pessoas do IFCE, Ivam Holanda, um concurso foi realizado no ano de 2016 para a contratação de 12 tradutores de libras. No entanto, o certame teve somente três pessoas aprovadas. Ele diz que possibilidade levantada foi o aproveitamento de outros concursos para a área no Nordeste. Mas a medida não foi bem-sucedida justo por falta de pessoal aprovado.

Outra possibilidade apontada pelo pró-reitor seria a contratação direta via licitação. Os orçamentos limitados dos IFs no Brasil, no entanto, segundo ele, inviabilizam esse tipo de solução.

 

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