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Como aplacar a saudade ou afinar a convivência durante o isolamento
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Como aplacar a saudade ou afinar a convivência durante o isolamento

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Tipo Notícia

Duas situações são muito constantes, diante do isolamento social imposto para contenção da Covid-19: idosos que não moram com filhos se veem solitários, sem as visitas; e os que moram têm a rotina modificada com a presença mais constante, com os filhos cumprindo home office. Para os dois cenários, há formas de amenizar os desdobramentos, garantem os especialistas.

Aos 76 anos, com os filhos morando em suas próprias casas e ela vivendo o retiro junto ao marido, a psicóloga, gerontóloga e fundadora da Universidade Sem Fronteiras, Zilma Gurgel Cavalcante, conta que o idoso precisa cultivar novas práticas que se encaixem na rotina diferente.

Cultivar a espiritualidade, porque isso isso alimenta a “resiliência, que é a capacidade de enfrentar os problemas sem se perder”; exercitar a criatividade, “fazendo coisas novas, um crochê, um bordado, mas com um significado, para dar de presente depois como lembrança dessa quarentena”; se manter informado, mas sem excessos; cuidar da saúde física fazendo caminhadas, alongamentos e exercícios respiratórios, dentro de casa mesmo, “para ajudar na imunidade e na manutenção da agilidade e da autonomia”; e escrever um diário sobre como está vivendo esse momento, são algumas das sugestões da psicóloga.

“Além disso, é preciso também manter contato com os amigos, com a família pelo telefone, pelo WhatsApp, manter esse contato social diário. Descobrir amigos de infância e voltar a se telefonar; ter grupos no Whatsapp e, a cada dia, escolher um deles para bater papo. Esse contato alimenta a alma, a solidão fica povoada e o fardo fica mais leve” aponta Zilma. Aos familiares distantes, cabe estimular essas atividades e se mostrarem disponíveis, tanto para auxiliarem nas necessidades extra-casa, como para as ligações.

É, como explica a terapeuta ocupacional Kamylle Guanabara, um processo conhecido como gerontotecnologia, que, neste momento, tem como uma dos principais aliadas as chamadas de vídeo, que ajudam a aproximar e manter vínculos.

Já quando é posta a situação do maior convívio de familiares que até então se viam com menos frequência ao longo do dia, o jeito é alinhar expectativas e criar espaços de atividades juntos e separados. “Se eu tenho a expectativa de no home office trabalhar no quarto por oito horas seguidas e os meus pais têm a expectativa de que eu na quarentena possa ficar mais tempo com eles, isso vai gerar um quebra de expectativa. O que é válido é sentar e estabelecer regrinhas e expectativas”, indica a psicóloga clínica Júlia Evangelista Mota Shioga.

“É preciso criar atividades com afazeres domésticos para os idosos, de forma à parte da rotina do filho em casa, e construir uma rotina de ter atividades juntos, com jogos, práticas de exercícios, oração, meditação, pegar sol na varanda... ocupações significativas, para as pessoas aprenderem a estarem juntas”, ensina Guanabara.

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