O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou ontem os editais das versões impressa e digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. O período de inscrição foi mantido para o mês de maio (11 a 22). De acordo com o cronograma, a prova impressa será aplicada em novembro (1º e 8), como ocorreu nas edições anteriores do exame.
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De acordo com deputado federal Idilvan Alencar (PDT-CE), o calendário do Enem deveria ser alterado porque as aulas estão suspensas em diversos estados do país. "O Inep e o Ministério da Educação (MEC) atuam como se não estivesse acontecendo nada de anormal no País. Desconsideram que os estabelecimentos de ensino estão fechados e que há muitos alunos sem acesso à internet fora da escola", aponta. "A China tem um teste semelhante ao Enem e, por lá, eles decidiram adiar por causa da epidemia", compara.
O parlamentar cearense cita que os alunos terão dificuldades no período de isenção da taxa, que já começa na semana que vem, assim como para tirar dúvidas sobre o processo de inscrição. Além disso, muitos adolescentes ainda não têm CPF e precisam solicitar emissão do documento, o que não seria possível atualmente porque as instituições competentes estão fechadas. Outro fator impeditivo seria o atraso no calendário escolar causado pela suspensão nas aulas.
O deputado encaminhou ofício ao ministro da Educação e ao presidente do Inep com a sugestão de que nenhuma etapa do processo de inscrição seja feita com as escolas fechadas e que o MEC aguarde para avaliar como a epidemia avança antes de tomar a decisão sobre como será o exame em 2020. "Vamos avaliar também com outros parlamentares quais as outras medidas que podem ser tomadas", afirma Idilvan Alencar.
"Considerando o momento de pandemia que o País atravessa, o qual tem impactado fortemente na vida das pessoas e, consequentemente, no funcionamento das redes públicas e privadas que se encontram com suas atividades paralisadas, considero inoportuno o lançamento do cronograma do ENEM", respondeu ao O POVO, em nota, a professora Ciza Viana Moreira, coordenadora geral do Fórum Estadual de Educação do Ceará e coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Aberta do Brasil / Universidade Estadual do Ceará.
"Com calendários letivos indefinidos e aulas presenciais suspensas, os sistemas de ensino buscam alternativas para se organizarem na oferta de EAD, sendo esse um grande desafio, considerando as dificuldades de acesso à internet e às tecnologias por grande parte dos estudantes. Neste contexto de indefinição que vivemos em todos os campos, e nesse caso, na Educação, existem outras questões que precisariam ser implementadas com o apoio do MEC/Inep em parceria com estados e municípios para garantir, minimamente, condições para escolas, estudantes e famílias superarem as dificuldades enfrentadas nesse momento de crise mundial", conclui.