Logo O POVO+
Anna S: Praça de memórias 'distantes'
CIDADES

Anna S: Praça de memórias 'distantes'

Edição Impressa
Tipo Notícia
FORTALEZA, CE, BRASIL, 09.04.2020: Especial Aniversario de Fortaleza - Praça Violeta, bairro Barroso (Foto: Thais Mesquita/O POVO) FOR 13.04 (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, BRASIL, 09.04.2020: Especial Aniversario de Fortaleza - Praça Violeta, bairro Barroso (Foto: Thais Mesquita/O POVO) FOR 13.04

A quarentena nos ajuda na proteção de todos. Para uns pode se tornar um momento de reflexão sobre si mesmo e de descobrimentos, para outros uma jaula que nos segura de algo que gostamos ou percebemos que gostamos através da saudade. Por minha parte não é diferente, sinto falta de um lugar do qual tenho uma relação forte. A praça do Violeta. no Barroso, foi palco de muitas memórias e, mesmo que não esteja tão distante, aparenta estar a quilômetros de distância. Pois meu histórico de momentos com esse lugar vem desde a infância, quando eu e minha família íamos para passar um tempo de felicidade juntos, sem ser nossa própria casa. Hoje, mais velha, se tornou um lugar onde pudesse passar um tempo com meus amigos, colegas ou aproveitar o que a comunidade proporciona.

Minha saudade vai desde o cheiro da pipoca amanteigada aos gritos alegres das crianças no parquinho ou pula-pula. As opções de entretenimento, para mim, eram relativamente simples, mas que foram de grande impacto para o meu desenvolver, como o simples gesto de pegar um dos vários livros que eram expostos na praça para qualquer um. Os eventos que participava com meus amigos incluíam batalhas de RAP, Slam (Concurso de poesia), xadrez livre, zumba livre e reggae. De tudo um pouco sinto saudade, como comer com os amigos em uma lanchonete, fantasiar com os livros que eram expostos abertamente para o público, de perceber adrenalina nos jogos na quadra, nas manobras de skates ou até mesmo em partidas de xadrez. De vez ou outra tínhamos algo totalmente diferente, como cursos livres para todos.

A maioria de minhas experiências foram realizadas por mais um dos meus pontos favoritos no bairro que sinto anseio de voltar a transitar, a Biblioteca Viva, onde partilho quase tudo de mim e mais um pouco. É onde aprendi algumas coisas que faço e tento passar adiante, como mandalas, cadernos artesanais e também a própria escrita, devido a esses cursos que participei na comunidade junto aos meus conhecidos, que passei a conhecer e íntimos.

Me pergunto todos os dias quando tudo isso irá acabar, quando irei poder novamente voltar a juntar grupos de amigas e amigos na praça, compartilhar fofocas e novidades cara a cara, sentindo a respiração de uma pessoa próxima a mim depois de rir até perder a voz. Qual será o dia que colocaremos a cabeça para fora de casa sem sentir medo ou estar em alerta com o próprio ar? Mesmo me sentindo presa, sem ter a possibilidade de estar presente em corpo para aproveitar o ambiente que tanto gosto e pessoas que admiro ou dar um abraço em alguém em que solto inseguranças, medos e euforias e sinto mais ainda de fazer tudo isso sentada, bebendo algo gelado, no banco da praça.

Nela consegui muitos conhecimentos, sempre me foi ensinado o valor que transitar por aí e buscar o novo tem e nunca dei valor a isso. Agora digo que percebi detalhes importantes para mim, pode ser simples ao olhar dos outros, uma praça, mas nunca quis tanto assim voltar para um lugar como quero agora e com certeza o farei.

 

O que você achou desse conteúdo?