Surfava pelo menos de três a quatro vezes por semana. O surfe é o meu esporte e me traz um bem-estar incrível de uma prática esportiva em meio à natureza. A minha rotina era iniciada com a caída no mar da Praia do Futuro, por volta das 5 horas da manhã, antes de trabalhar, algo que acabou sendo interrompido pela pandemia do novo coronavírus.
Nos primeiros relatos das pessoas sobre a chegada da Covid-19, eu já fiquei em alerta sobre a possibilidade de a rotina mudar. No dia 19 de março, feriado de São José, o Governo decretou o fechamento do comércio e pediu o isolamento da população. Desde então, eu deixei de surfar e entrei na quarentena em casa com minha esposa. Na época, muitos surfistas passaram a pedir para que as pessoas não fossem ao mar neste período, tendo em vista o risco de contaminação.
De imediato, atendi as recomendações de isolamento do Governo. Minha esposa estava grávida, e no dia 24 de março nasceu o nosso filho. Esse foi outro motivo também que deixei de surfar. Não queria correr risco nenhum de contaminação e contaminar minha família. Não vejo a hora de tudo isso passar e voltar a surfar. Já me imagino na Praia do Futuro, levando meu filho para ver o mar, ficarmos todos juntos ao ar livre.
Para quem pratica o surfe, um esporte em contato direto com a natureza, é um impacto grande este isolamento. Você fica em casa com saudade da rotina, de acordar cedo e vivenciar as ondas da Praia do Futuro. De sair do mar revigorado por volta das 7h30min, tomar o café da manhã por ali mesmo e ter a energia necessária para enfrentar mais um dia de trabalho. Por enquanto, o deslize por águas salgadas é apenas lembrança nesta quarentena.
A temporada do surfe no Ceará já está quase no fim, porque daqui a um ou dois meses começa o período de vento. A vontade de voltar está grande, mas a saúde está em primeiro lugar e é assim que precisar ser, mas que bate uma saudade de entrar na água e pegar uma ondinha toda hora, não há dúvida.