Nas próximas semanas, a tendência é que a curva de casos confirmados do novo coronavírus no Ceará continue a crescer. No Estado, Fortaleza tem o maior número de casos confirmados de Covid-19, e, na Cidade, eles estão mais concentrados no bairro Meireles. Porém, com a interiorização da doença — tanto entre os bairros da periferia da Capital quanto pelo interior do Ceará —, o perfil de pacientes confirmados, em relação a sexo e faixa etária, pode mudar.

"Temos observado que a doença está migrando para os bairros mais periféricos, menos favorecidos, onde a informação é mais difícil, o espaço é mais apertado. Acho que existe uma tendência a mudar um pouco esse perfil de idade, porque, à medida que os idosos não ficarem muito protegidos, como eles são mais vulneráveis, eles vão aparecer mais", afirma o médico infectologista Keny Colares, professor e pesquisador da Universidade de Fortaleza (Unifor).

A preocupação, segundo o médico, é as pessoas resolverem "voltar à vida normal", pois, nesse caso, a curva de contágio "pode acelerar muito fácil". "Seria bom (que o perfil se mantivesse) porque, de novo, estaríamos protegendo os mais vulneráveis. E os mais jovens têm chances, mesmo necessitando de internação, de suportar o processo inflamatório pulmonar e se recuperar", acrescenta Érico Arruda, médico infectologista e professor de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Unifor.

Apesar de a Covid-19 ser mais preocupante em idosos e pessoas com comorbidades, o presidente da Sociedade Cearense de Infectologia (SCI), Guilherme Henn, afirma que há casos graves em pacientes jovens e sem doenças associadas. "Claro, proporcionalmente é uma minoria, mas acontece e eles morrem também. Não pode ficar achando que é uma doença boba, que é uma gripezinha, porque definitivamente não é", alerta. (Gabriela Custódio)