A entrega em domicílio(delivery) para compras feitas no Mercado São Sebastião, adotada a fim de conter o avanço do novo coronavírus, deve permanecer após a pandemia da Covid-19. Conforme Firmo Bezerra, administrador do equipamento, em alguns estabelecimentos, metade das vendas já são feitas online. Para driblar as dificuldades encontradas por permissionários com pouca ou nenhuma familiaridade com as redes sociais, uma assessoria foi contratada para prestar assistência.
"Depende muito de um conhecimento técnico das novas tecnologias. Estamos avançando lentamente. Aqui são muitos permissionários tradicionais. Eles têm certa dificuldade. Contratamos algumas pessoas para orientá-los sobre como lidar com essas novas ferramentas", pontua.
Segundo o gestor, chama a atenção pedidos coletivos feitos por condomínios próximos. A entrega ocorre em raio de até três quilômetros do mercado. "A gente não vislumbrava que isso podia acontecer. Mas a ferramenta veio com muita força. É um componente novo, mas já mostra resultados", considera Firmo.
Por outro lado, ele informa que, durante a semana, o fluxo de clientes reduziu 60%. Aos sábados e domingos, metade do movimento é registrado. Essa realidade, na avaliação do gestor, deve perdurar mesmo após queda na curva de novos casos ou quando as medidas de isolamento social forem flexibilizadas. Conforme a administração, ao menos 50 lojas do setor não-alimentício, como para venda de redes, panos de prato, artesanatos, pararam de funcionar.
A partir desta sexta-feira, 1º, quando o isolamento social mais rígido entre em vigor em Fortaleza, novas medidas também serão adotadas no Mercado São Sebastião. O responsável pelo equipamento frisa o compromisso com a segurança e saúde dos clientes e funcionários. Para tanto, nas segundas-feiras, não há mais atendimento, e o horário de trabalho foi reduzido nos outros dias da semana.
Proprietário do Box 103, Igor Vasconcelos, 25, vende carnes no local. Para manter os pais, que estão desempregados, e os dois irmãos menores de idade, o jovem teve de reduzir o pagamento dos colaboradores de R$ 50 para R$ 30 a diária. De três, apenas um decidiu continuar. As vendas, por enquanto, estão apenas no balcão. Na percepção de Vasconcelos, os negócios caíram 80%.
“Eu tô morrendo de medo de morrer. Mas tem que trabalhar para comer. Se eu ficar em casa, eu morro de fome. De qualquer jeito, eu vou morrer. Minha ajuda de R$ 600 caiu, eu tenho que ir pra fila de Caixa Econômica, mas eu não vou. Não quero me contaminar naquela fila por R$ 600”, comenta.
O relato de Igor dá conta de que ao menos quatro pessoas, entre proprietários e funcionários, foram infectados pelo novo coronavírus no mercado. Tendo um deles falecido. O POVO questionou à administração do Mercado, mas a informação foi negada. Segundo o posicionamento, um idoso que trabalhava no estabelecimento faleceu há cerca de dez dias, mas não há confirmação se foi por Covid-19. Conforme a assessoria, o senhor de 83 anos já estava afastado há três meses.
Assim como o jovem do box 103, Antônio Correia percebeu a redução de lojas abertas. O responsável pelo box 250 também teve de reduzir o número de funcionários. Antes, eram três; agora, dois. “A gente teve de fazer para se adaptar e não deixar todo mundo desempregado”, justica. O empreendedor elogia as medidas de segurança adotadas pelo administração do equipamento.
Apesar da redução nas vendas presenciais, Correia diz que consegue vender por delivery e que a estratégia deve continuar. “A partir de amanhã (hoje), as medidas serão mais rigorosas. Vamos ver como vai ser porque a tendência é diminuir. Mas vamos continuar por aqui”, afirma.
Medidas que o mercado adota a partir da sexta-feira, 1º:
Apenas uma pessoa por família pode entrar no mercado;
Horário de funcionamento reduzido;
Reforço no sistema de delivery dos restaurantes e demais boxes;
Instalação de 15 pias com sabão para que todos possam lavar as mãos, com frequência;
Instalação de recipientes com álcool em gel 70%;
Reforço na higienização, principalmente, nos pegadores, maçanetas e corrimãos. Assim como nas áreas internas e externas;
Todos os permissionários e sua equipe trabalhando de máscara;
Permissionários do grupo de risco foram autorizados a colocar um substituto no boxe;
Redução do número de entradas, ficando limitado o acesso pelas portas do pátio central.
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