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Dias agraciados
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Dias agraciados

A jornalista Rita Célia Faheina cobriu pelo O POVO a última visita de João Paulo II ao Brasil, em 1997, e conta sua emoção
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Vivi quatro dias de graças. A presença de João Paulo II, o papa andarilho que percorreu o mundo levando mensagens de paz e justiça, me deixou uma certeza: era um santo. Os santificados são aqueles que seguem pelo caminho da salvação, praticam os princípios deixados por Jesus Cristo. E esses dias agraciados vivi seguindo os passos de João Paulo II, em outubro de 1997, quando cobri por O POVO, a sua última visita ao Brasil. Ele participou do II Encontro Mundial das Famílias, no Rio de Janeiro.

Mesmo sem a vitalidade que tinha quando veio à Fortaleza em 1980, para o X Congresso Eucarístico Nacional, ele cumpriu todos os compromissos com serenidade e alegria, abraçando e abençoando principalmente os mais humildes e pequeninos, denunciando tudo aquilo que feria a dignidade do ser humano como as injustiças e desigualdades sociais.

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Foram momentos muito fortes registrados pelo repórter-fotográfico Jarbas Oliveira, então do O POVO, desde a chegada de João Paulo II no aeroporto do Galeão até à última missa , no Aterro do Flamengo, reunindo duas milhões de pessoas. Nessa celebração, chamava a atenção a presença de fiéis de diversas religiões que atendiam à pregação de Karol Wojtyla, defensor do diálogo e tolerância entre todos, independentemente de raça ou religião. Como verdadeiro profeta de Cristo, também defendeu veementemente a vida condenando o aborto e os métodos contraceptivos.

Um dos momentos de maior emoção pessoal, foi o encontro de João Paulo II com poucos jornalistas sorteados (tive a sorte de ser escolhida) e algumas autoridades, no Palácio das Laranjeiras, sede do governo do Rio. Estavam o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, alguns governadores (entre eles, Tasso Jereissati, na época nosso governador) e outras autoridades. Não podíamos fazer perguntas, só fotos.

Karol Wojtyla já se aproximou sorrindo e abençoando os que estavam presentes. Na hora em que ele parou à nossa frente, cerca de dois metros de distância, tive vontade de romper aquele isolamento e me ajoelhar pedindo a sua bênção. Faltou coragem, mas reacendeu a esperança no momento que ele prometeu voltar ao Brasil. Quem sabe na próxima? Mas não foi possível. O agravamento dos problemas de saúde aquietou o andarilho da paz que morreu em 2005. Nove anos depois, papa Francisco o proclamou santo, como já esperávamos. Como amava muito o povo brasileiro, peçamos que interceda por nós neste momento tão difícil. São João Paulo II, rogai por nós!

Rita Célia Faheina, jornalista, cobriu pelo O POVO a última visita de João Paulo II ao Brasil, em 1997

 

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