Logo O POVO+
João Paulo II fortaleceu ala mais conservadora da Igreja Católica
CIDADES

João Paulo II fortaleceu ala mais conservadora da Igreja Católica

Edição Impressa
Tipo Notícia Por

A predileção por um corrente mais conservadora, a aproximação de regimes autoritários, principalmente na América Latina, e o não posicionamento frente às denúncias de pedofilia dentro da Igreja Católica são alguns dos pontos que também estiveram presentes durante as quase três décadas em que João Paulo II chefiou a Igreja Católica.

O professor do Departamento de Sociologia na área de Antropologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) George Paulino aponta que o sumo sacerdote, ao ser o líder de uma Igreja conservadora, e incentivar o fortalecimento do movimento de renovação carismática, acabou por minar as ações das comunidades eclesiais de base.

"Ele agiu na intenção de desmobilizar as comunidades eclesiais de base e o movimento da Teologia da Libertação. Isso a gente sentiu no Brasil de forma muito impactante, porque as comunidades vinham se organizando e tinham um trabalho de conscientização política, da opção preferencial pelos pobres à luz do evangelho. Sem isso, as comunidades ficaram mais vulneráveis às manobras assistencialistas e a um tipo de política que não levava em conta esse processo de conscientização e educação para transformar a realidade", detalha o professor.

Para Paulino, o papa também acabou "priorizando um lugar de inferioridade para mulher na Igreja", e significou um retrocesso no Concílio Vaticano II no que diz respeito a uma tendência que se apresentava de maior abertura. O professor ainda explica que, ao referendar um linha entendida como conservadora, ainda que com renovações na mística, o papa atraiu muita gente à Igreja, inclusive figuras de grande poder econômico. "Isso ajudou a blindar um papado que deixou passar ocultas essas outras questões". (Domitila Andrade)

 

O que você achou desse conteúdo?