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O pontificado de João Paulo II: fim da reforma e retorno à tradição
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O pontificado de João Paulo II: fim da reforma e retorno à tradição

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Quando Karol Wojtyla foi eleito papa, em 1978, a Igreja estava em choque após a súbita morte de João Paulo I, cujo pontificado durou apenas 33 dias. O antecessor foi o primeiro papa a adotar nome composto, em homenagem aos dois pontífices que o antecederam: João XXIII e Paulo VI. Os dois haviam sido responsáveis pelas reformas da Igreja a partir do Concílio Vaticano II, considerado marco da aproximação da institucionalidade da Igreja com um mundo em transformação. Um catolicismo de defesa da justiça social, mais próximo dos problemas do cotidiano e mais aberto à participação dos fiéis.

João Paulo II adotou o nome em homenagem ao antecessor, indicando a continuidade daquele legado desde João XXIII. Como bispo, Wojtyla participou do concílio, muitas vezes ao lado de posições derrotadas. Seria responsável, como papa, por finalizar o período de reforma.

O pontificado marcou o retorno à tradição. Foi conservador, restaurador em muitos aspectos. Atuou de forma implacável no combate à progressista Teologia da Libertação. Em contrapartida, a tradicionalista e polêmica Opus Dei foi transformada em prelazia pessoal do pontífice, condição única no Vaticano, que a permite atuar em qualquer lugar sem responder aos bispos locais.

Ao mesmo tempo, ampliou o diálogo com outras religiões, um dos legados do Vaticano II. Foi o primeiro papa a entrar em uma igreja luterana desde a reforma protestante, em 1517. Primeiro a receber uma delegação oficial da Igreja Ortodoxa Grega desde o cisma do cristianismo, em 1054. Primeiro a entrar em uma mesquita. O primeiro a entrar em uma sinagoga.

Wojtyla, a propósito, conviveu com muitos judeus na Polônia, vários dos quais morreram no campo de concentração de Auschwitz, vizinho a Wadowice, cidade onde Karol nasceu há cem anos. (Érico Firmo)

 

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