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Pressionado, MEC adia realização do Enem por 30 a 60 dias
CIDADES

Pressionado, MEC adia realização do Enem por 30 a 60 dias

Nova data deve ser definida após consulta pública entre candidatos inscritos. No Ceará, 98 mil estudantes da 3ª série do Ensino Médio estão aptos a participar no exame
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EM SESSÃO REMOTA, nesta terça, 19, senadores aprovaram por 75 votos a 1 a suspensão das provas do Enem (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado EM SESSÃO REMOTA, nesta terça, 19, senadores aprovaram por 75 votos a 1 a suspensão das provas do Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve ter mais de 4 milhões de participantes neste ano, foi enfim adiado ontem, 20, pelo Ministério da Educação (MEC). Esta será a segunda vez na história do maior vestibular do País que ele deixará de ser feito na data marcada; a primeira foi quando a prova foi roubada em 2009. No Ceará, 98 mil alunos da 3ª série do Ensino Médio estão aptos a realizar o exame.

A mudança, que o Congresso Nacional já havia começado a decidir ontem, após aprovação de adiamento no Senado, e era pedida há semanas por secretários de Educação, universidades e estudantes, vai dar mais tempo para alunos, principalmente os mais pobres, se prepararem para as provas.

 

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Apesar do anúncio do adiamento, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do MEC não informou a nova data do exame. De maneira vaga, disse apenas que a previsão é de "30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais". O ministro Abraham Weintraub, que sempre defendeu a manutenção da prova em novembro, quer fazer agora uma consulta pela internet sobre a data com estudantes.

Para especialistas, a decisão não deve ser só dos alunos e, sim, tomada considerando as redes de ensino, as universidades e ainda analisar como será a volta às aulas após a pandemia da Covid-19.

Para Idevaldo da Silva Bodião, professor do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), e coordenador de um cursinho popular, a fala de adiamento entre um a dois meses é "oportunista". "Não dá para falar hoje se deve ser, 15, 20, 30, 60 dias. Quem vai dizer o tamanho do adiamento será a evolução da pandemia no Brasil. É importante ressaltar a intransigência do ministro da Educação, decorrente da adesão à lógica negacionista do Governo", pontua o educador.

Apesar de ainda indefinida, a notícia do adiamento "deve ser saudada com alegria", afirma Idevaldo. "É uma vitória importante da mobilização dos estudantes, dos reitores das universidades federais e da sociedade civil que sensibilizou o Senado e a Câmara para tomar essa posição. Já há algum tempo movimentos importantes vêm pedido o adiamento, com a hashtag #AdiaEnem", afirma.

Caso os entraves não sejam sanados, porém, quem mais perde, segundo o professor Idevaldo Bodião é o aluno vulnerável de escola pública e de distrito rural. "Se as condições de vulnerabilidade da vida cotidiana em situações normais já mostram a desigualdade entre um aluno de escola privada e o de escola pública, a pandemia só ampliou o fosso que existe entre um grupo e outro. É preciso ver que esse aluno de interior, de distrito, muitas vezes nem tem sinal de rede celular chegando até eles. Certamente todos perdem, mas os alunos vulnerabilizados perdem muito mais", avalia.

Por meio de nota, a Secretaria da Educação do estado do Ceará (Seduc) afirmou que é favorável à adequação do calendário de realização das provas do Enem à realidade dos estudantes. "A medida é necessária tendo em vista o atual cenário de pandemia, à similaridade do que tem ocorrido em outros países que também decretaram o adiamento de avaliações externas em nível nacional semelhantes ao Enem", diz texto. (Com Agência Estado)

 

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