Para a doutora e mestra em Sociologia e pós-doutora em Psicologia (UFC), Marcelle Silva, é preciso discutir o lugar social da mulher para superar situações como as relatadas nas redes sociais com a hashtag (palavra-chave) #ExposedFortal.
"A gente vive numa sociedade que é patriarcal, machista, sexista, que tem doses de misoginia e que enxerga e posiciona o feminino num lugar de inferioridade, como um corpo que é objetificado, que é domesticado, que tem essa intenção. Uma cultura que é dessa forma e reforça atitudes que o masculino está numa posição de hierarquia maior que o feminino, então o masculino teria mais poder, ocuparia uma posição de ser árbitro do corpo da mulher, de mandar no corpo da mulher. No cerne desse tipo de atitude está essa ideia. O corpo da mulher é tomado como um corpo público, então, as pessoas, especialmente homens, acham que têm poder sobre esse corpo", afirma.
Uma das soluções para lutar contra tal crime está na educação de gerações quanto ao conceito de consentimento, defende Marcelle. "É muito importante que a gente tenha consciência que vivemos numa cultura que é preconceituosa, machista, sexista, racista, baseada em muitas discriminações e que é importante entender a questão do consentimento. Muitas vezes isso não é ensinado para nossas crianças. A gente deveria incentivar esse elemento da nossa cultura, um foco maior em ensinar o que é consentimento, como ele pode ser empregado no nosso dia-a-dia. Você tem que entender o que é o corpo do outro, a noção de espaço um dos outros, até para as crianças se protegerem do mundo", alerta.
A professora diz que no espaço virtual esse limite do outro é ainda mais difícil ser respeitado: "A pessoa tem a sensação que a internet, por ser uma máquina, dá liberdade para as pessoas serem quem são sem mostrar nome". (Iara Costa/Especial para O POVO)
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