Pelo menos 43 crianças e adolescentes de até 19 anos morreram por Covid-19 no Ceará, segundo dados da plataforma IntegraSUS. Até a manhã desta quinta-feira, 9, foram confirmados 10.081 casos da doença entre pessoas de até 19 anos, desde o início da pandemia. A faixa de até quatro anos de idade registra o maior número de mortes, 17. Ainda segundo o boletim, 16 óbitos foram registrados entre adolescentes de 15 a 19 anos. Entre 5 e 9 anos de idade, foram cinco mortes. De 10 a 14 anos, quatro.
Os jovens fazem parte do grupo que apresenta quadros clínicos leves da Covid-19, e, por vezes, são assintomáticos, segundo explica o infectologista Robério Leite. Entre os que apresentam alguma complicação, os sintomas percebidos são febre, diarreia, dor abdominal, e, eventualmente, o surgimento de manchas no corpo de aspecto variado, que lembram urticárias e outras doenças que causam erupções na pele. Apesar disso, situações mais graves da doença podem acometer qualquer grupo durante a pandemia.
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Uma condição que tem alarmado pediatras e infectologistas, é o surgimento de casos da síndrome inflamatória multissistêmica em crianças. No Ceará, este sintoma foi percebido cerca de quatro ou seis semanas desde o pico da pandemia, comenta Robério Leite. "Essa doença lembra outra já conhecida entre pediatras, que é a Doença de Kawasaki. É uma doença reativa a um processo inflamatório bem disseminado, principalmente envolvendo pequenas artérias e médias artérias, que levam a um quadro febril", descreve.
O quadro febril, segundo Robério, pode ser acompanhado de alterações como vermelhidão nos olhos, manchas no corpo, muita dor abdominal seguida de diarreia, e, em casos mais graves, queda da pressão arterial na criança, que pode até levá-la ao choque. "Esse quadro é o que tem aparecido mais frequentemente, não como uma condição da Covid-19 na fase aguda, mas como se fosse uma doença reativa", explica Robério.
Ele esclarece que a criança, por exemplo, pode ter a infecção com o coronavírus, sem apresentar sintomas. E, semanas depois, pode ter uma reação tardia, por parte do sistema imunológico, que desencadeia esse processo inflamatório.
De acordo com Robério, se a criança apresentar desconfortos respiratórios, dor abdominal e diarreia, ela deve ser levada imediatamente ao médico. Em relação à síndrome inflamatória, se a criança apresentar febre por mais de dois dias, ou manchas na pele, também deve ser levada para avaliação.