Um estudo da Universidade Estadual do Ceará (Uece) mostrou que sem as medidas de prevenção e combate ao coronavírus, Fortaleza teria 1.500 mortes a mais por Covid-19. Na capital cearense, seriam mais de 400 mil casos da doença e 4.149 óbitos até o 80º dia da curva de transmissão.
Com as providências adotadas pelo poder público, os números reais foram de 27.905 casos e cerca de 2.500 óbitos. O estudo também aponta os resultados das ações de isolamento social em capitais como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
Publicado no último dia 26 de junho, na Revista Latino-Americana de Enfermagem, a pesquisa "Estimação e predição dos casos de Covid-19 nas metrópoles brasileiras" foi o primeiro trabalho "preditivo" no Brasil. O objetivo era estimar a taxa de transmissão, o pico epidemiológico e óbitos pelo novo coronavírus no país.
Para o estudo, foram selecionadas as capitais até então com o maior número de casos da infecção - Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, do Sudeste; Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, do Sul; Manaus, da região Norte; Salvador e Fortaleza, do Nordeste.
Os pesquisadores estimaram o número de casos no 80º dia em cada uma dessas capitais por meio de equações diferenciais. Os resultados foram colocados em logaritmos e comparados com os números reais. A enfermeira e infectologista Lúcia Duarte, que coordena o Grupo de Trabalho (GT) para enfrentamento à pandemia do coronavírus na Uece, explica que Fortaleza estava colocada entre as principais cidades em número de casos logo nas primeiras semanas da pandemia no Brasil. "O estudo mostrou que a capital cearense tinha a maior taxa de transmissibilidade naquele período, portanto, as medidas de isolamento se faziam necessárias com mais rigor e mais precoces", aponta.
Ao confirmar a eficácia do isolamento social e das demais medidas, o estudo alerta para a importância da continuidade dessas ações. Até o final de setembro, a previsão é que a Capital continue registrando novos casos da doença. A partir de então, números mais baixos deverão ser notados. "Para não termos uma terceira onda, o principal é sair o mínimo possível, manter no mínimo de um metro e meio de distância das outras pessoas, usar máscara, proteger os olhos e lavar sempre as mãos", alerta a professora Thereza Magalhães, que também participou da pesquisa.