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Juan Ferreira dos Santos, 14 anos
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Juan Ferreira dos Santos, 14 anos

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Juan Ferreira dos Santos, 14 anos, foi morto com tiro na cabeça (Foto: Reprodução/ Facebook)
Foto: Reprodução/ Facebook Juan Ferreira dos Santos, 14 anos, foi morto com tiro na cabeça

A notícia da morte de Mizael Fernandes fez Tânia Brito reviver a dor da morte do filho Juan. O garoto foi morto quando deveria estar se divertindo: foi atingido na cabeça por um tiro durante uma festa no Morro Santa Terezinha, em 13 de setembro de 2019. O autor do disparo foi um PM; ele alegou que uma multidão avançava contra ele. Apesar de ter atirado no chão, contou, a bala ricocheteou. Testemunhas, porém, contaram que o PM atirou aleatoriamente para dispersar a festa.

Dez meses após o crime, a investigação ainda não foi concluída, ainda que se saiba quem é o autor do disparo. Breno Barros Soares foi preso em flagrante, mas teve alvará de soltura concedido em 22 de outubro. A argumentação do juízo foi o excesso de prazo para conclusão do inquérito. A decisão, porém, restringiu-o ao trabalho administrativo.

O inquérito segue em andamento: em 14 de maio último, a Justiça concedeu mais 90 dias para a conclusão. "É uma coisa que nos deixa muito angustiado porque vai fazer um ano e nada acontece", diz Tânia. "Enquanto isso várias outras famílias sofrem e passam pelo que estou passando. Teve o Juan, teve o Mizael, fora os outros que a gente não sabe, que a família tem medo de falar". Para ela, somente a certeza da impunidade explica a arbitrariedade policial. "Qual é a alegação? O Juan estava de costas, o Mizael, dormindo. Que perigos eles ofereciam?".

Para Tânia, o que fica de Juan é o sorriso. "A vontade dele crescer, ser alguém na vida, de querer me dar uma vida de rainha, como ele sempre dizia. É o sorriso de um atleta, ele lutava muay thai, de um socorrista, que era o que ele queria ser. É o que eu tenho do meu filho: ele era uma criança do bem", diz.

E acrescenta: "(Eu quero falar) É o certo para que que não caia no esquecimento. Não só o Juan, porque não só eu estou sofrendo, mas também a mãe do Mizael, as Mães do Curió (da Chacina da Grande Messejana) e por outras vítimas que não tive oportunidade de conhecer. Porque toda vida que eu escuto uma notícia dessas eu sofro tudo novamente". 

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