O Ministério Público do Estado (MPCE) denunciou Pedro Ícaro de Medeiros, guru espiritual da Comunidade Afago, por violação sexual mediante fraude, crime sexual para controlar o comportamento social ou sexual da vítima, charlatanismo e curandeirismo. A representação foi feita na última sexta-feira, 24, e aguarda recebimento pela 15ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza.

O caso veio a tona após uma perfil em uma rede social reunir relatos de crimes sexuais, entre outros abusos, que teriam sido cometidos na comunidade. A Polícia Civil, através do 26º Distrito Policial (26º DP), havia concluído inquérito contra Pedro Ícaro e o enviado ao Judiciário na quinta-feira, 23. A instituição informou que segue com as investigações para apurar denúncias de crimes sexuais, estelionato, lesão corporal e curandeirismo.

LEIA MAIS | Polícia investiga guru de comunidade em Fortaleza após denúncias de crimes sexuais

Até o momento, 18 pessoas já prestaram depoimento sobre o caso, inclusive, Pedro Ícaro, que realizou oitiva na última quarta-feira, 22. Mais pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias, informou a instituição. "A Polícia informa a necessidade daqueles que se sentirem vítimas comparecerem à delegacia para formalizar o procedimento, no intuito de subsidiar as investigações que estão dentro do prazo processual". Vale ressaltar que outras vítimas estão se apresentando e prestando depoimentos junto ao Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (Nuavv), coordenado pela promotora de Justiça Joseana França", diz o MPCE, por sua vez.

"Lá dentro existe um discipulado, onde ele é o 'mestre', nesse grupo a manipulação toma uma proporção e uma influência muito direta, (ele) dita com quem você deve se relacionar, para que 'você evolua', dita o que deve parar ou começar a fazer, isso vai de comida a relações sexuais", diz um dos relatos. "(Ele) começava com uma massagem em todo o corpo e em tal momento estava pegando nas minhas genitais e passando para outra coisa que não tem nada a ver com tantra. Na hr (hora) até pensei q fazia parte acabei não fazendo nenhuma restrição. A terapia acabava com, o q hj (hoje) vejo, um abuso sexual. Depois quando a fica (ficha) caiu e vi que tinha sido abusado, me senti tão sujo, fraco, covarde, adjetivos não faltam", diz outro.

O POVO tentou contato com o advogado de Ícaro, mas não obteve sucesso até o fechamento desta edição. Em entrevista ao programa Fantástica, da TV Globo, em 19 de julho, Ícaro negou as acusações. Segundo ele, houve apenas relações sexuais consentidas. Ele também afirmou ter prestado queixa por calúnia e difamação. Em nota em suas redes sociais, a comunidade Afago afirmou "não compactuar com qualquer tipo de abuso, violência e assédio". "Nada disso está claro, tudo que parecia verdade está sendo questionado e a única certeza que nós temos enquanto líderes é que falhamos em cuidar das vidas preciosas que estavam sob nossos cuidados".

 

Mais

Processo tramita em segredo de Justiça.
O POVO pediu entrevista com a promotora responsável pelo caso, mas ela afirmou só se pronunciar nos autos