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"Não permitiram nem que a gente celebrasse um mês da partida dele"
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"Não permitiram nem que a gente celebrasse um mês da partida dele"

Mãe do adolescente de 13 anos morto há um mês em Chorozinho lamenta que ninguém compareceu à manifestação pacífica planejada em memória do filho
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Lidiane Rodrigues da Silva, 33, mostra camisa do filho morto por policiais militares (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Lidiane Rodrigues da Silva, 33, mostra camisa do filho morto por policiais militares

Às 8 horas de ontem, 2, Leidiane Rodrigues, mãe do jovem Mizael Fernandes da Silva, 13, assassinado em Chorozinho há cerca de um mês, estava na localidade de Triângulo, na cidade, com vários balões secos nas mãos. Ela tinha deixado com o pai as duas meninas mais novas, uma de cinco e outra de quatro anos, enquanto se dirigia à localidade para homenagear o filho por um mês de sua partida. Chegando ao local combinado para encher e soltar as bexigas, esperou por cerca de três horas e ninguém apareceu. A homenagem ao filho não aconteceu e o pedido de justiça pela morte prematura do jovem ficou entalado na garganta. "Não aconteceu a homenagem porque o povo ficou com medo", resume.

"Não foram porque estavam com medo. Eu me senti um pouco chateada porque todo mundo conhecia o Mizael, ele era muito querido. Mas eu entendo", conta. Na noite do enterro, a manifestação dos amigos e familiares do menino teria incomodado a Polícia e, segundo ela, os familiares se sentiram ameaçados. "Ficaram com medo de ir", diz.

No dia da morte de Mizael, a mãe conta que o filho mais velho, de 17 anos, atendeu a ligação feita uma hora da manhã. O jovem tinha ido dormir na casa de uma tia. "Ninguém me disse o que tinha acontecido. Disseram só que o Mizael ia ser encaminhado para Fortaleza. Mas aí eu já entendi. Senti uma cavalgada no meio dos peitos e saí feito louca. Quando eu desço do carro, entro no hospital e deixaram o meu filho no meio de uma pedra, com o corpinho dele lá, todo estirado. Essa dor eu não desejo para ninguém."

Mizael foi morto em 1º de julho na casa da tia, enquanto dormia. Conforme policiais que participaram da ação, um sargento e um soldado, ele portava uma arma de fogo e teria feito menção de atirar, após voz de comando para soltá-la. A família nega veementemente a versão. Recentemente, a Justiça negou pedido da defesa dos policiais para o trancamento do inquérito. A Delegacia de Assuntos Internos (DAI) segue com a investigação.

 

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