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Pelo menos, 28 motoristas de aplicativo foram mortos no Ceará desde 2017, estima associação
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Pelo menos, 28 motoristas de aplicativo foram mortos no Ceará desde 2017, estima associação

Cinco suspeitos pelo assassinato do motorista Alexandre Hablich Fernandes foram presos, segundo a SSPDS. Associação quer medidas de prevenção aos homicídios contra a categoria
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ALEXANDRE Hadlich Fernandes, motorista de aplicativo, foi encontrado morto em Aquiraz com marcas de violência  (Foto: reprodução/ arquivo pessoal )
Foto: reprodução/ arquivo pessoal ALEXANDRE Hadlich Fernandes, motorista de aplicativo, foi encontrado morto em Aquiraz com marcas de violência

Representantes de motoristas que atendem por aplicativos estiveram reunidos na tarde de ontem, 14, na Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para debater ações de prevenção a crimes contra a categoria. A reunião ocorre após mais um motorista de aplicativo ser morto, Alexandre Hablich Fernandes, de 32 anos, cujo corpo foi encontrado na quarta-feira, 12, em Aquiraz (Grande Fortaleza). Ele foi, pelo menos, o 28º motorista de aplicativo morto no Estado desde 2017, conforme a Associação dos Motoristas Privados Individuais de Passageiros do Ceará (Ampip-CE).

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Também ontem, a SSPDS anunciou a prisão de cinco suspeitos de matar Alexandre. Eles fariam parte de grupo especializado em desmanche de veículos, que atacaria motoristas de aplicativo há cerca de cinco meses. Conforme a Polícia Civil, na segunda-feira, 10, os homens teriam solicitado a corrida no bairro Maraponga, onde já teriam rendido Alexandre. Foi quando exigiram que o motorista fosse para parte de trás do veículo que ocorreram os dois disparos que vitimaram o motorista. Os suspeitos fugiram com o carro e abandonaram o corpo em um matagal. A Polícia ainda descobriu que um carro dava apoio à ação. 

Foram presos Luan Vitor Araújo Silva, 22, e Lucas Monteiro de Freitas, 21, que estariam no local do crime; Bruno Alisson Sousa, 24, que articularia o grupo e planejaria as ações; Vinicius Mahon Paiva, 26, suspeito de comprar os produtos roubados pelo grupo e revendê-los a lojas de peças de carro; e Helry Monteiro Araújo, 37, que teria fornecido o veículo usado na ação e escondido o primo Luan. O autor dos disparos contra o motorista, porém, segue foragido, apesar de já ter sido identificado. O veículo de Alexandre também não foi encontrado ainda. Entre o material apreendido com um grupo, está um revólver e um aparelho que bloqueia o sinal de GPS.

A morte de Alexandre gerou comoção na categoria, que chegou a realizar carreata na quinta-feira, 13. Conforme Antônio Evangelista, presidente da Ampip-CE, os assaltos contra os motoristas são "inumeráveis" e ocorrem constantemente. Outro risco pelo qual passa a categoria diz respeito a proibições impostas por facções de trânsito em certos territórios. Evangelista defende um trabalho integrado entre associação e a Ciops, visando a prevenção. Ele também diz trabalhar para, junto com as empresas, criar mecanismos que inibam os assaltos por usuários dos aplicativos.

Ao O POVO, as duas maiores empresas de transporte desse tipo que atuam no Estado afirmaram desenvolver métodos de proteção aos motoristas. A 99 citou medidas como adoção de sistema que vasculha informações comportamentais do cliente e que entrega ao motorista avisos sobre a rota e o destino final. Já a Uber mencionou ações como uso de algoritmos que bloqueiam viagens "consideradas potencialmente mais arriscadas" e registro por GPS para identificar paradas fora da rota. Já a SSPDS afirmou que já havia intensificado abordagens a veículos identificados como oriundos de aplicativo que estejam transportando pessoas (Com informações de Angélica Feitosa e Gabriela Almeida/Especial para O POVO)

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