Representantes de motoristas que atendem por aplicativos estiveram reunidos na tarde de ontem, 14, na Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para debater ações de prevenção a crimes contra a categoria. A reunião ocorre após mais um motorista de aplicativo ser morto, Alexandre Hablich Fernandes, de 32 anos, cujo corpo foi encontrado na quarta-feira, 12, em Aquiraz (Grande Fortaleza). Ele foi, pelo menos, o 28º motorista de aplicativo morto no Estado desde 2017, conforme a Associação dos Motoristas Privados Individuais de Passageiros do Ceará (Ampip-CE).
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Também ontem, a SSPDS anunciou a prisão de cinco suspeitos de matar Alexandre. Eles fariam parte de grupo especializado em desmanche de veículos, que atacaria motoristas de aplicativo há cerca de cinco meses. Conforme a Polícia Civil, na segunda-feira, 10, os homens teriam solicitado a corrida no bairro Maraponga, onde já teriam rendido Alexandre. Foi quando exigiram que o motorista fosse para parte de trás do veículo que ocorreram os dois disparos que vitimaram o motorista. Os suspeitos fugiram com o carro e abandonaram o corpo em um matagal. A Polícia ainda descobriu que um carro dava apoio à ação.
Foram presos Luan Vitor Araújo Silva, 22, e Lucas Monteiro de Freitas, 21, que estariam no local do crime; Bruno Alisson Sousa, 24, que articularia o grupo e planejaria as ações; Vinicius Mahon Paiva, 26, suspeito de comprar os produtos roubados pelo grupo e revendê-los a lojas de peças de carro; e Helry Monteiro Araújo, 37, que teria fornecido o veículo usado na ação e escondido o primo Luan. O autor dos disparos contra o motorista, porém, segue foragido, apesar de já ter sido identificado. O veículo de Alexandre também não foi encontrado ainda. Entre o material apreendido com um grupo, está um revólver e um aparelho que bloqueia o sinal de GPS.
A morte de Alexandre gerou comoção na categoria, que chegou a realizar carreata na quinta-feira, 13. Conforme Antônio Evangelista, presidente da Ampip-CE, os assaltos contra os motoristas são "inumeráveis" e ocorrem constantemente. Outro risco pelo qual passa a categoria diz respeito a proibições impostas por facções de trânsito em certos territórios. Evangelista defende um trabalho integrado entre associação e a Ciops, visando a prevenção. Ele também diz trabalhar para, junto com as empresas, criar mecanismos que inibam os assaltos por usuários dos aplicativos.
Ao O POVO, as duas maiores empresas de transporte desse tipo que atuam no Estado afirmaram desenvolver métodos de proteção aos motoristas. A 99 citou medidas como adoção de sistema que vasculha informações comportamentais do cliente e que entrega ao motorista avisos sobre a rota e o destino final. Já a Uber mencionou ações como uso de algoritmos que bloqueiam viagens "consideradas potencialmente mais arriscadas" e registro por GPS para identificar paradas fora da rota. Já a SSPDS afirmou que já havia intensificado abordagens a veículos identificados como oriundos de aplicativo que estejam transportando pessoas (Com informações de Angélica Feitosa e Gabriela Almeida/Especial para O POVO)