Quando o drama de Bianca Fonseca, 24, viralizou nas redes sociais milhares de internautas se compadeceram com o sumiço e, depois, com a informação sobre o latrocínio contra o motorista de aplicativo Alexandre Hadlich Fernandes, 32. A dor da monitora de call center ganhou corpo e voz, principalmente, no Instagram.
Entre as mensagens, de mais de 28 mil seguidores novos do perfil de Bianca Fonseca, a do internauta Rayson Tomé cobrava da empresa InDriver segurança na verificação das contas de quem solicita ser transportado pelo serviço do aplicativo russo. "Não justifica a vulnerabilidade do software dessa empresa. Sem falar no suporte que os familiares precisam e não aconteceu", reclamou.
O último pedido atendido por Alexandre Hadlich foi uma solicitação feita por assaltantes pelo aplicativo InDriver, no bairro Maraponga, no último dia 10/8. "Precisam inovar nas confirmações dos usuários, acontecer uma autenticação de informações (foto em tempo real, o envio de documentações pessoais dos usuários, uma possível viagem assistida, um seguro financeiro quando ocorrer essas situações). Infelizmente, vocês apenas querem lucrar", criticou Rayson Tomé.
Para o internauta, o perfil InDriver brasil respondeu lamentar o "falecimento de Alexandre Hadlich Fernandes, motorista cadastrado em nossa empresa e gostaríamos de estender nossas sinceras condolências a sua família e amigos. Reiteramos ainda nosso compromisso de colaborar com as autoridades e dar suporte à família".
Em outra resposta, a InDriver escreveu dar "suporte 24h para parceiros e usuários", além de disponibilizar um "botão de segurança" no aplicativo. A empresa afirmou que tentava "prevenir de todas as maneiras possíveis (ataques letais). No Brasil, verificamos não só as contas do Facebook, verificamos também o CPF (do usuário). Avisamos os motoristas se os pedidos vierem de áreas não seguras".
Uma das respostas da InDriver irritou Rayson Tomé. Foi quando a empresa estrangeira, que explora o mercado brasileiro desde 2012, escreveu que o país é "realmente um lugar perigoso". O internauta retrucou. "Se o Brasil é um país perigoso, então remova o aplicativo, não permita que isso aconteça porque será pior para sua reputação mundial. Talvez em outros países isso funcione corretamente, mas aqui precisamos dessas atualizações para garantir a vida do usuário e motorista", protestou.
Em entrevista ao O POVO, Patrícia Cox, relações públicas da InDriver Brasil, afirmou que "existe uma parceria entre InDriver e a Chubb, uma seguradora internacional, para casos de acidentes graves, morte e invalidez existe uma indenização por conta da empresa".
De acordo com Patrícia Cox, assim que (a InDriver) ficou ciente do acontecido, entrou com uma investigação interna necessária para esse tipo de caso. Em seguida entramos em contato com a viúva e se deu início ao protocolo interno junto a seguradora. A empresa precisou passar por uma averiguação interna, após isso todas as medidas foram tomadas".
Bianca Fonseca, viúva de Alexandre Hadlich, reafirmou que não recebeu assistência alguma da InDriver. Uma "vaquinha digital" ajudou a cobrir as despesas. (Demitri Túlio)